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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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484 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

39. Senhor, já cheira mal. Esta é uma indicação de suspeita, pois<br />

ela se assegura menos do poder de Cristo do que deveria ter feito. A<br />

raiz do mal consiste em medir ela o poder infinito e incompreensível<br />

de Deus pelas percepções de sua carne. Não havendo nada mais inconsistente<br />

com a vida do que a putrefação e o mau cheiro, Marta infere<br />

que já não pode haver remédio algum. E assim, quando nossa mente<br />

se preocupa com pensamentos fúteis, banimos Deus de nós, caso nos<br />

seja permitido a expressão, de modo a não concretizar ele em nós sua<br />

própria obra. Certamente não se devia a Marta que seu irmão não fosse<br />

permanecer continuamente no túmulo, pois ela elimina, quanto a<br />

ele, a expectativa da vida, e, ao mesmo tempo, tenta impedir Cristo<br />

de ressuscitá-lo, e, no entanto, nada estava tão longe de sua intenção.<br />

Isso surge da debilidade da fé. Distraídos de várias maneiras, digladiamos<br />

conosco mesmos, e enquanto estendemos uma mão a rogar<br />

de Deus sua assistência, repelimos, com a outra mão, a mesma assistência<br />

que prontamente nos é oferecida. 16 Aliás, Marta não falou com<br />

falsidade quando diz: Eu sei que tudo quanto pedires a Deus ele te dará,<br />

porém uma fé confusa é de pouca valia, a menos que ela entre em ação<br />

quando chegarmos a vias de fato.<br />

Podemos perceber ainda em Marta quão variados são os efeitos<br />

da fé, mesmo nas pessoas mais excelentes. Ela foi a primeira a ir ao encontro<br />

de Cristo, essa não foi uma prova comum de sua piedade, e, no<br />

entanto, não cessa de lançar dificuldades em seu caminho. Para que a<br />

graça de Deus tenha acesso em nós, devemos aprender a atribuir-lhe<br />

muito mais poder do que nossos sentidos podem compreender, e se<br />

a primeira e singular promessa de Deus não tiver em nós aquele peso<br />

suficiente, pelo menos segamos o exemplo de Marta, dando nossa<br />

aquiescência quando ele nos confirmar segunda e terceira vez.<br />

40. Eu não te disse? Ele reprova a desconfiança de Marta, por<br />

não solidificar uma esperança suficientemente vigorosa em relação à<br />

promessa que ela ouvira. É evidente, à luz desta passagem, que algo<br />

16 “Ceste mesme aide, si tost qu’il nous la presente”.

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