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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 7 • 317<br />

19. Moisés não vos deu a lei? O evangelista não apresenta uma<br />

narrativa completa e bem encadeada do sermão enunciado por Cristo,<br />

mas apenas uma breve seleção dos principais tópicos, os quais<br />

contêm a substância do que foi expresso. Os escribas o odiavam<br />

mortalmente, 9 e os sacerdotes se deixaram incendiar-se de fúria contra<br />

ele, só porque ele curara um paralítico, e declaravam que isso era<br />

oriundo de seu zelo pela lei. Para rebater sua hipocrisia, ele arrazoa,<br />

não a partir do tema, mas da pessoa. Todos eles, tendo espontaneamente<br />

se devotado a seus vícios, como se nunca tivessem conhecido<br />

qualquer lei, (ele infere disto que) eles não agiam movidos por algum<br />

amor ou zelo pela lei. Aliás, esta defesa não teria sido suficiente para<br />

provar o ponto. Admitindo que – sob falso pretexto – ocultaram seu<br />

perverso e injusto ódio, não obstante não se segue que Cristo agisse<br />

certo se cometesse algo contrário à injunção da lei, pois não devemos<br />

tentar atenuar nossa própria culpa pelos pecados de outrem.<br />

Cristo, porém, conecta aqui duas sentenças. Na primeira, ele fala<br />

à consciência de seus inimigos, e, visto que soberbamente se vangloriavam<br />

de serem defensores da lei, ele arranca do rosto deles essa<br />

máscara, pois lança contra eles esta censura: que se permitiam violar<br />

a lei como bem lhes aprazia, e por isso não se preocupavam com a lei.<br />

Em seguida, ele formula a pergunta propriamente dita, como veremos<br />

logo depois, de modo que a defesa é satisfatória e completa em todas<br />

suas partes. Consequentemente, o equivalente desta sentença é que<br />

não existe nenhum zelo pela lei naqueles que a desprezam. Daí Cristo<br />

inferir que algo mais impeliu os judeus a uma fúria tão intensa, quando<br />

buscam sua morte. Dessa forma devemos arrancar os ímpios de suas<br />

dissimulações sempre que lutarem contra Deus e a sã doutrina, e ainda<br />

sob o pretexto de agir assim movidos por motivos pios.<br />

Os que na atualidade constituem os mais ferozes inimigos do<br />

evangelho e os mais incansáveis defensores do papado nada têm mais<br />

plausível a alegar em sua defesa senão que são impelidos pelo ardor<br />

9 “Lds scribes le haissoyent mortellement”.

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