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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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270 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

qual nossas almas devem ser alimentadas, isso penetra mais profundamente<br />

em nossos corações do que se Cristo simplesmente dissesse<br />

que ele é nossa vida.<br />

Deve-se observar, contudo, que a palavra pão não expressa o poder<br />

vivificante de Cristo tão plenamente como o sentimos, porque pão<br />

não dá origem à vida, mas nutre e sustenta essa vida que já possuímos.<br />

Mas, pela bondade de Cristo, não só continuamos a possuir vida, mas<br />

temos o princípio da vida, e por isso a comparação é em parte imprópria.<br />

Porém, não existe inconsistência nisso, pois Cristo adapta seu<br />

estilo às circunstâncias do discurso que previamente enunciara. Agora<br />

surgiu a pergunta: Qual dos dois era mais eminente em alimentar os<br />

homens: Moisés ou Cristo mesmo? Essa é também a razão por que ele<br />

o chama apenas pão, pois foi somente o maná que serviu de objeção<br />

contra ele, e por isso considerou suficiente contrastar com ele um tipo<br />

distinto de pão. A doutrina simples é: “Nossas almas não vivem, por<br />

assim dizer, por um poder intrínseco, ou seja, por um poder inerente<br />

que possuam em si mesmas, 28 mas emprestam vida de Cristo”.<br />

Aquele que vem a mim. Ele agora define a forma de se apropriar<br />

desse alimento, a saber, quando recebemos Cristo pela fé. Porque para<br />

os incrédulos não há valor algum em Cristo ser o pão da vida, porque<br />

permanecem sempre vazios, mas então Cristo se torna nosso pão, ao<br />

chegarmo-nos a ele como pessoas famintas, a fim de ele nos sacie. Ir a<br />

Cristo e crer nele significam, nesta passagem, a mesma coisa. A primeira<br />

expressão, porém, se destina a expressar o efeito da fé, isto é, que<br />

é em consequência de ser conduzido pelo senso de nossa fome que<br />

corremos para Cristo em busca da vida.<br />

Os que inferem desta passagem que comer a Cristo é fé, e nada<br />

mais, raciocinam inconclusivamente. Prontamente reconheço que não<br />

há outro modo para comermos a Cristo senão crendo, comer, porém,<br />

é o efeito e fruto da fé, e não a fé propriamente dita. Porque a fé não<br />

visualiza Cristo somente à distância, senão que o abraça para que ele<br />

28 “Qu’elles ayent en elles naturellement”.

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