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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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332 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

Se alguém tem sede. Com esta sentença ele exorta a todos a participarem<br />

de suas bênçãos, desde que, partindo da convicção de sua<br />

própria pobreza, desejassem obter assistência. Pois é verdade que todos<br />

nós somos pobres e destituídos de toda bênção, porém longe de<br />

ser verdade que todos se despertem pela convicção de sua pobreza e<br />

busquem alívio. Daí, ocorre que muitas pessoas não arredam um pé,<br />

senão que miseravelmente se intimidam e decaem, e há ainda muitos<br />

que não se deixam afligir pela percepção de seu vazio, até que o Espírito<br />

de Deus, com seu próprio fogo, lance fome e sede em seus corações.<br />

Portanto, pertence ao Espírito despertar em nós fome por sua graça.<br />

Quanto à presente passagem, devemos observar, primeiramente,<br />

que ninguém é chamado a tomar posse das riquezas do Espírito, senão<br />

aqueles que ardem de anseio por elas. Pois sabemos que o anseio da<br />

sede é mui agudo e torturante, de modo que as pessoas mais fortes,<br />

e as que não podem suportar qualquer quantidade de dificuldade são<br />

debilitadas pela sede. E, no entanto, ele convida os sedentos, em vez de<br />

os famintos, para que sigam a metáfora que ele em seguida emprega no<br />

substantivo água e no verbo beber, para que todas as partes do discurso<br />

se harmonizem entre si. E não tenho dúvida de que ele alude àquela<br />

passagem de Isaías: Todos vós que tendes sede, vinde às águas [Is 55.1].<br />

Porque o que o profeta ali atribui a Deus teria sido, finalmente, cumprido<br />

em Cristo, como também aquilo que a bem-aventurada virgem<br />

cantou: aqueles que são ricos e satisfeitos, ele despediu vazios [Lc 1.53].<br />

Ele, pois, nos concita a ir diretamente a ele, como se quisesse dizer<br />

que é somente ele quem pode saciar plenamente a sede de todos, e<br />

que todos quantos buscam, ainda que seja o menor alívio de sua sede,<br />

em qualquer outra parte, estão equivocados, e labutam inutilmente.<br />

E beba. Uma promessa é adicionada à exortação, pois ainda que<br />

a expressão, e beba, comunique uma exortação, no entanto ela contém<br />

em si uma promessa. Porque Cristo testifica que ele não é uma<br />

cisterna seca e rota, mas uma fonte inexaurível, a qual ampla e abundantemente<br />

supre todos os que vão beber. Desse fato, segue-se que,<br />

se lhe pedirmos o de que carecemos, nosso desejo não será frustrado.

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