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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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306 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

em forma de Deus, não teve como usurpação ser igual a Deus, mas<br />

esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante<br />

aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se a si<br />

mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz” [Fp 2.6-8].<br />

Se alguém objetar, dizendo que assim como ele conhecia o tempo<br />

de sua morte, a qual fora preordenada e determinada no propósito<br />

divino, 1 não tinha razão para evitá-la, a solução anterior se aplica também<br />

aqui. Pois ele se conduzia como um homem que estava à mercê<br />

de perigos, e por isso não era próprio que se lançasse ao léu a situações<br />

perigosas. Ao nos depararmos com perigos, não é nosso negócio<br />

inquirir o que Deus determinou a nosso respeito em seu decreto, mas<br />

o que ele nos ordena e quer de nós, o que nosso ofício requer e demanda<br />

e qual o método próprio de regular nossa vida. Além disso,<br />

embora Cristo evitasse os perigos, ele não se esquivava um fio de cabelo<br />

do curso do dever, pois com que propósito seria a vida mantida<br />

e defendida, senão para que sirvamos ao Senhor? Portanto, devemos<br />

sempre precaver-nos de, em função da vida, não perder a razão de<br />

viver. Quando um pequeno e desprezível recanto da Galileia oferece<br />

abrigo a Cristo, o que a Judeia não pode suportar, aprendamos disto<br />

que a piedade e o temor de Deus nem sempre são encontrados nos<br />

principais lugares da Igreja.<br />

2. Ora, a festa dos judeus estava próxima. Ainda que eu não o afirme,<br />

todavia é provável que isso se deu durante o segundo ano depois<br />

do batismo de Cristo. Quanto a essa festa mencionada pelo evangelista,<br />

não é necessário no momento dizer muito, pois Moisés mostra<br />

qual o propósito e utilidade dela foram impostos [Lv 23.34]. Foi para<br />

que, por meio dessa festa anual, os judeus pudessem guardar na lembrança<br />

que seus pais viveram quarenta anos em tabernáculos, quando<br />

não tinham casas, para que assim pudessem celebrar a graça de Deus<br />

exibida em seu livramento. Já dissemos previamente que havia duas<br />

razões por que Cristo ia a Jerusalém durante essa festa. Uma delas era<br />

1 “Determiné au conseil de Dieu”.

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