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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 3 • 113<br />

eremitas e renunciaram a vida e costumes comuns dos homens, e, por<br />

isso, a seita dos fariseus era tida na mais elevada consideração. Além<br />

disso, o Evangelista não menciona apenas que Nicodemos fazia parte<br />

da ordem dos fariseus, mas também era um dos líderes máximos de<br />

sua nação.<br />

2. Ele veio ter com Jesus de noite. À luz do fato de vir à noite,<br />

inferimos que ele era bastante tímido. Seus olhos nada mais viam senão<br />

sua distinção pessoal. 3 Também pode ser que tenha sido impedido<br />

pela vergonha, porquanto os homens ambiciosos acreditam que sua<br />

reputação é arruinada se uma vez descem do pedestal de mestres para<br />

a categoria de alunos. Não há dúvida de que o mesmo se ensoberbeceu<br />

com a fútil opinião de que era um erudito. Em suma, uma vez que<br />

nutria um elevado conceito acerca de si mesmo, não suportava a ideia<br />

de resigná-lo de vez. E, não obstante despontar nele alguma semente<br />

de piedade, pois, ouvindo que um profeta de Deus chegara, ele não faz<br />

pouco nem negligencia o ensino trazido do céu, e se comove de certo<br />

desejo pelo mesmo – desejo este emanado simplesmente do temor e<br />

reverência por Deus. Muitos se sentem excitados por uma leve curiosidade,<br />

inquirindo sofregamente por novidades, mas não há dúvida de<br />

que a religião e certa percepção da consciência impeliram Nicodemos<br />

a querer conhecer a doutrina de Cristo de uma forma mais pessoal e<br />

direta. E ainda que essa semente há muito estivesse oculta e morta, depois<br />

da morte de Cristo produz tal fruto como ninguém jamais haveria<br />

esperado [19.39].<br />

Rabi, sabemos. Estas palavras equivalem àquela sua expressão:<br />

“Rabi, sabemos que tu vieste como mestre.” Visto, porém, que os homens<br />

eruditos eram então comumente chamados Rabi, 4 Nicodemos<br />

primeiro saúda a Cristo na maneira usual, atribuindo-lhe o título ordinário<br />

e, subsequentemente, declara que aquele que exercia o ofício de<br />

mestre era enviado de Deus. E deste princípio depende toda a autoridade<br />

dos mestres na Igreja. Pois é tão somente da Palavra de Deus que<br />

3 “De sa grandeur et reputation.”<br />

4 “Qui signific Maistre.”

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