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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 6 • 297<br />

64. Mas há alguns dentre vós que não creem. Ele novamente lhes<br />

imputa culpa, porque, sendo destituídos do Espírito, perversamente<br />

corrompem e vilipendiam sua doutrina, e assim a convertem em sua<br />

própria ruína. Pois do contrário se poderia objetar: “Deveras vos gloriais<br />

de que o que falais é vivificante, porém nada experimenteis dessa<br />

natureza”. Ele, pois, diz que ela é obstada por eles mesmos, pois a incredulidade,<br />

como é sempre orgulhosa, jamais entenderá algo nas palavras<br />

de Cristo, porque a despreza e a desdenha. Por isso, se quisermos tirar<br />

proveito de tudo que provém deste Mestre, tenhamos nossa mente bem<br />

disposta a ouvi-lo, pois se o acesso a sua doutrina não for desobstruído<br />

pela humildade e reverência, nossos entendimentos são mais duros que<br />

a pederneira, e não receberá parte alguma da sã doutrina. E por isso,<br />

quando na atualidade vemos tão poucos no mundo se beneficiando do<br />

evangelho, devemos recordar que isso provém da depravação dos homens.<br />

Pois quantos de nós seremos achados negando-se a si mesmos e<br />

verdadeiramente se submetendo a Cristo? Quanto a sua afirmação de<br />

que só havia alguns que não criam, ainda que quase todos eles eram<br />

merecedores dessa acusação, a razão para agir assim parece ter sido<br />

esta: se havia alguns que estavam ainda além da possibilidade de cura,<br />

poderiam precipitar suas mentes em desespero.<br />

Porque Jesus sabia desde o princípio. O evangelista adicionou<br />

isto para que ninguém concluísse que Cristo formara uma opinião<br />

sem definição sobre seus ouvintes. Muitos professavam pertencer a<br />

seu rebanho, mas uma súbita apostasia desmascarou sua hipocrisia.<br />

O evangelista, porém, diz que sua traição, embora desconhecida dos<br />

demais, era bem conhecido de Cristo. E isso é afirmado, não tanto por<br />

sua causa, mas para que pudéssemos aprender a não formar juízo exceto<br />

sobre temas que tenhamos investigado plenamente, pois quanto<br />

ao fato de que eram conhecidos de Cristo desde o princípio, isso era<br />

peculiar a sua deidade. Conosco se dá o contrário, porque, já que não<br />

conhecemos os corações, devemos demorar em formar juízo até que<br />

a impiedade se manifeste por sinais externos, e assim a árvore se faça<br />

conhecida por seus frutos [Mt 7.16].

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