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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 11 • 481<br />

que temos um Mediador que de bom grado perdoa nossas debilidades<br />

e que está pronto a assistir aquelas debilidades que experimentou em<br />

seu próprio ser.<br />

Talvez alguém objete dizendo que as paixões humanas são pecaminosas,<br />

e por isso não é possível admitir que as temos em comum<br />

com o Filho de Deus. Eis minha resposta: há uma ampla diferença entre<br />

Cristo e nós. Porque a razão pela qual nossas emoções são pecaminosas<br />

é que elas nos impelem sem restrição e não experimentamos<br />

nenhum limite, mas em Cristo as emoções eram ajustadas e reguladas<br />

em obediência a Deus, estavam totalmente isentas de pecado. Expressando-o<br />

de forma mais plena: 14 as emoções humanas são pecaminosas<br />

e perversas por duas razões: em primeiro lugar, porque são movidas<br />

por ação impetuosa, e não são reguladas pela genuína norma da modéstia,<br />

e, em segundo lugar, porque nem sempre surgem de uma causa<br />

legítima, ou pelo menos, não são conduzidas a um fim legítimo. Digo<br />

que há excesso, porque nenhuma pessoa se alegra ou se entristece,<br />

ao ponto de ser suficiente ou como Deus o permite, e há ainda alguns<br />

que se abalam ao ponto de perder todo equilíbrio. A vaidade de nosso<br />

entendimento nos produz tristeza ou estremecimento emocional por<br />

quase nada ou por nenhum motivo, porque somos demasiadamente<br />

devotados ao mundo. Nada desse gênero podia ser visto em Cristo,<br />

pois ele não tinha nenhum sentimento ou afeto propriamente seu que<br />

extrapolasse seus devidos limites, ele não tinha algo que lhe fosse<br />

apropriado e não se fundamentasse na razão e são juízo.<br />

Para tornar isso ainda mais claro, ser-nos-ia importante distinguir<br />

entre a primeira natureza humana, como foi criada por Deus, e esta<br />

natureza degenerada, a qual se acha corrompida pelo pecado. Quando<br />

Deus criou o homem, ele implantou nele afetos, porém afetos que<br />

eram obedientes e submissos à razão. Que tais afetos sejam agora desordenados<br />

e rebeldes é uma falha acidental, ou seja, ela procede de<br />

alguma outra causa fora do Criador. 15 Ora, Cristo tomou sobre si os<br />

14 “Pour mieux dire”.<br />

15 “C’est à dire, venant d’ailleurs que du Createur”.

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