06.10.2015 Views

Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 9 • 403<br />

no, e, além de tudo isso, sua fé recebe um enaltecimento muito mais<br />

excelente, porque, embora seu conhecimento fosse tão pequeno, ele<br />

devotou-se totalmente a Cristo.<br />

7. Vai, lava-te no tanque de Siloé. Inquestionavelmente, não havia,<br />

nem no barro e nem na água de Siloé, poder algum ou propriedade<br />

alguma para curar os olhos, Cristo, porém, graciosamente fez uso daqueles<br />

símbolos externos, em várias ocasiões, com o fim de adornar<br />

seus milagres, ou para habituar os crentes ao uso de sinais, ou para<br />

mostrar que todas as coisas estavam a sua disposição, ou para testificar<br />

que cada um desses elementos tem aquele poder que ele decide<br />

atribuir-lhe. Mas alguém pode inquirir sobre o que está implícito no<br />

barro composto de pó e cuspe, e o mesmo poderia entender ter sido<br />

uma figura de Cristo, porque o pó denota a natureza terrena da carne,<br />

e o cuspe, oriundo da boca dele, denota a essência divina do Verbo. De<br />

minha parte, descarto essa alegoria como sendo mais engenhosa do<br />

que sólida, e fico satisfeito com este simples ponto de vista: como o<br />

homem, no princípio, foi feito do barro, assim, ao restaurar os olhos,<br />

Cristo fez uso do barro para que mostrar que ele tinha o mesmo poder<br />

sobre uma parte do corpo que o Pai exibira na formação do homem<br />

inteiro. Ou talvez, pretendesse declarar, por meio desse sinal, que não<br />

lhe era mais difícil remover a obstrução, e abrir os olhos ao cego, do<br />

que lavar o barro de qualquer pessoa, seja quem for, e, em contrapartida,<br />

que tanto estava em seu poder restaurar a vista ao homem quanto<br />

estava em untar seus olhos com barro. Prefiro a última interpretação.<br />

Quanto ao poço de Siloé, talvez tenha ordenado ao cego a lavar-se<br />

nele com o fim de reprovar os judeus por não serem capazes de discernir<br />

o poder de Deus quanto este está presente. Como Isaías censura<br />

os homens de seu tempo, dizendo que desprezavam as águas de Siloé<br />

que correm brandamente [Is 8.6], e preferiam as correntes rápidas e<br />

impetuosas. Esta foi também a razão, creio eu, por que Eliseu ordenou<br />

a Naamã, o sírio, a ir lavar-se no Jordão [2Rs 5.10]. Este tanque, se<br />

podemos confiar em Jerônimo, era formado por águas que fluíam, em<br />

certos momentos, do Monte Sião.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!