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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 51<br />

visto que ele atribui distintamente ao homem Cristo o título a Palavra,<br />

segue-se que, quando se fez homem, Cristo não cessou de ser o que<br />

sempre fora antes, e que nada foi mudado naquela eterna essência do<br />

Deus que assumiu a carne. Em suma, o Filho de Deus começou a ser<br />

homem de tal forma que ele é ainda aquela eterna Palavra que jamais<br />

teve princípio temporal.<br />

E habitou entre nós. Os que afirmam que a carne foi como que<br />

um lar para Cristo não conseguiram penetrar o pensamento do Evangelista.<br />

Ele não atribui a Cristo residência permanente entre nós, mas<br />

simplesmente diz que ele exerceu por algum tempo o papel de hóspede.<br />

Pois o termo que ele usa, ἐσκήνωσεν, é derivado de tabernáculo. 14<br />

Com isso, ele quer dizer simplesmente que Cristo desempenhou na<br />

terra seu ofício; em outros termos, ele não só surgiu por um instante,<br />

mas que viveu entre os homens enquanto cumpria a trajetória de seu<br />

ofício. É incerto se a frase “entre nós” se refere aos homens em geral<br />

ou a <strong>João</strong> e aos demais discípulos que foram testemunhas oculares<br />

dos eventos que ele narra. Prefiro a última interpretação, pois o Evangelista<br />

adiciona imediatamente:<br />

E vimos sua glória. Pois ainda que a glória de Cristo pudesse ser<br />

vista por todos, ela seria ignorada pela maioria por causa de sua cegueira;<br />

apenas uns poucos, cujos olhos o Espírito Santo abrira, viram<br />

essa manifestação da glória. A essência dela consiste em que Cristo<br />

foi reconhecido como um homem que exibia em si algo muito maior<br />

e mais sublime. Portanto, segue-se que a majestade de Deus não foi<br />

aniquilada, ainda que estivesse circunscrita pela carne. Ela ficou, de<br />

fato, oculta pela vil condição da carne, mas de modo a não impedir a<br />

manifestação de sua glória.<br />

Como do unigênito do Pai. Neste versículo, a expressão não denota<br />

uma comparação imprópria, mas, antes, uma prova genuína e forte.<br />

Precisamente como Paulo faz em Efésios 5.8, ao dizer: “Andai como<br />

filhos da luz”, querendo que realmente demos testemunho através de<br />

14 “Est deduit d’un mot qui signifie Tabernacles, c’est à dire, tentes et pavillons.” – “derivase<br />

de uma palavra que significa tabernáculos, isto é, tendas ou pavilhões.”

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