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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 57<br />

denota a firme e sólida estabilidade das coisas. Pela palavra graça, entendo<br />

o cumprimento espiritual daquelas coisas das quais a mera letra<br />

estava contida na lei. Ou ambas as palavras podem referir-se à mesma<br />

coisa à guisa de hipálage, uma figura de linguagem bem conhecida,<br />

como se ele dissesse que a graça, em que consiste a verdade da lei, foi<br />

afinal revelada em Cristo. Mas, como o sentido permanece o mesmo,<br />

não importa se o leitor as conecte ou as distinga. O certo é que o Evangelista<br />

tem em mente que, na lei, havia meramente esboçada a imagem<br />

das bênçãos espirituais, mas que, em Cristo, elas são exibidas em toda<br />

sua plenitude. Daí se conclui que, se o leitor separar a lei da pessoa<br />

de Cristo, nada ficará nela senão formas vazias. Essa é a razão por que<br />

Paulo diz em Colossenses 2.17, que na lei há “sombras das coisas futuras,<br />

mas o corpo é de Cristo”. Entretanto, não se deve supor que tudo<br />

o que na lei se exibia era falso; porquanto Cristo é a alma que vivifica o<br />

que de outra forma estaria morto na lei. Aqui, porém, estamos tratando<br />

de uma questão distinta – a validade da lei, em si mesma e à parte<br />

de Cristo. E o Evangelista nega que fosse encontrado nela qualquer<br />

substância antes que Cristo viesse. Além do mais, a verdade consiste<br />

no fato de que através de Cristo obtemos a graça que a lei não poderia<br />

dar. Portanto, tomo a palavra graça em termos gerais, como sendo<br />

tanto o perdão gratuito dos pecados quanto a renovação do coração.<br />

Pois quando o Evangelista, de forma sucinta, indica a diferença entre<br />

o Velho e o Novo Testamentos (o que é mais plenamente descrito em<br />

Jr 31.31), ele inclui em suas palavras tudo quanto se relacione com<br />

a justiça espiritual. Ora, há nisso duas partes: Deus, graciosamente,<br />

nos reconcilia consigo mesmo, não nos imputando nossos pecados; e<br />

também gravou sua lei em nossos corações e transforma o coração do<br />

homem, mediante a operação de seu Espírito, para a obediência à lei.<br />

Disto se faz evidente que a apresentação da lei será incorreta ou falsa,<br />

caso ela escravize o homem a si ou o embarace de ir a Cristo.<br />

18. Ninguém jamais viu a Deus. Esta adição confirma eficientemente<br />

o que acaba de ser exposto. Pois o conhecimento de Deus é a<br />

porta pela qual temos acesso ao usufruto de todas as bênçãos. Portan-

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