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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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262 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

É um frívolo exercício de ingenuidade inferir, como o fazem alguns,<br />

da palavra trabalho ou obra que merecemos a vida eterna através de<br />

nossas obras, pois Cristo metaforicamente exorta os homens, como já<br />

dissemos, a aplicarem suas mentes ardorosamente à meditação sobre<br />

a vida eterna, em vez de se aferrarem ao mundo, como estão acostumados<br />

a fazer. E Cristo mesmo remove toda dúvida quando declara<br />

que é ele quem dá o alimento, pois o que obtemos por meio de seu<br />

dom ninguém granjeia por meio de seu próprio esforço. Indubitavelmente,<br />

existe certa aparência de contradição nessas palavras, mas<br />

podemos facilmente conciliar essas duas afirmações: que o alimento<br />

espiritual da alma é o dom gratuito de Cristo e que devemos esforçar-<br />

-nos com todos os afetos de nosso coração a tornar-nos participantes<br />

de uma bênção tão incomensurável.<br />

Porque Deus o Pai o selou. Ele confirma a afirmação precedente,<br />

dizendo que nos foi designado pelo Pai para esse fim. Os escritores<br />

antigos têm interpretado e torcido equivocadamente esta passagem,<br />

sustentando que Cristo foi selado, porque ele é o selo e imagem viva<br />

do Pai. Pois ele aqui não entra em discussões abstratas sobre sua essência<br />

eterna, mas explica para que ele fora comissionado e destinado<br />

a fazer, qual é seu ofício em relação a nós e o que devemos buscar e<br />

esperar dele. Através de uma metáfora apropriada, ele faz alusão a um<br />

costume antigo, pois selavam com sinetes o que pretendiam sancionar<br />

por meio de sua autoridade. Assim Cristo – que não poderia parecer<br />

como se alegasse algo de si mesmo, ou de sua autoridade secreta 19<br />

– declara que este ofício lhe foi imposto pelo Pai, e que este decreto<br />

do Pai se manifestou como se um selo fora estampado nele. Pode ser<br />

sumariado assim: Visto que nem toda pessoa tem a capacidade ou o<br />

direito 20 de alimentar as almas com alimento incorruptível, Cristo aparece<br />

em público e, enquanto promete que será o Autor de tão grande<br />

bênção, igualmente acrescenta que já foi aprovado por Deus e que fora<br />

19 “A fin qu’il ne semble que Christ vueille de soy-mesme et d’une authorité privee<br />

s’attribuer quelque chose”.<br />

20 “Que ce n’est pas une chose facile et commune a chacum”.

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