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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 37<br />

converteu em trevas. E, no entanto, ele nega que a luz da razão<br />

esteja completamente extinta, porquanto na densa escuridão da<br />

mente humana brilham ainda algumas centelhas desse esplendor.<br />

Agora, o leitor poderá perceber a existência de duas ideias nessa<br />

frase. O Evangelista diz que os homens são agora muito diferentes<br />

daquela natureza íntegra com a qual foram dotados no princípio.<br />

Suas mentes, que teriam sido radiantes em todos os aspectos, se<br />

acham mergulhadas nas sombras de desditosa cegueira. E assim,<br />

nessa corrupção da natureza, a glória de Cristo está como que sombreada.<br />

Em contrapartida, porém, o Evangelista afirma que em meio<br />

às trevas ficaram ainda certos traços que de algum modo revelam<br />

o divino poder de Cristo. O Evangelista mostra, pois, que a mente<br />

humana está completamente cega, de tal modo que ela pode ser<br />

francamente considerada como que submersa em trevas. Pois ele<br />

poderia ter usado um meio termo e dizer que a luz era miserável ou<br />

sombria, mas não: ele quis expressar muito mais claramente quão<br />

depravada é nossa condição desde a queda do primeiro homem.<br />

Sua afirmação de que a luz brilha nas trevas não pretendia absolutamente<br />

exaltar a natureza corrupta. Ao contrário, pretendia despir<br />

a ignorância de toda e qualquer justificativa.<br />

E as trevas não a circunscreveram. Ainda que o Filho de Deus<br />

tenha sempre convocado os homens a si, pela instrumentalidade<br />

dessa pobre luz que ainda restou em nós, o Evangelista assevera que<br />

ela era ineficaz, porquanto, “vendo, não veem”. Porque, depois que<br />

o homem foi alienado de Deus, tal foi a ignorância que se apoderou<br />

de sua mente, que toda e qualquer luz que porventura nela restou é<br />

extinta e inútil. A experiência também comprova tal fato diariamente.<br />

Pois mesmo aqueles que não foram ainda regenerados pelo Espírito<br />

de Deus exercem certa razão, de modo que somos claramente instruídos<br />

de que o homem foi criado não só para respirar, mas que<br />

possui também entendimento. Não obstante, guiados por sua razão,<br />

o homem não alcança ou não consegue ter acesso a Deus e, assim,<br />

toda sua inteligência não prima direção alguma senão rumo à vaida-

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