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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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114 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

devemos aprender a sabedoria, e por isso a ninguém mais se deve ouvir<br />

para a salvação senão aqueles por cuja boca Deus fala. E devemos<br />

observar que, embora a religião estivesse profundamente corrompida<br />

e quase que subvertida entre os judeus, sempre mantiveram o princípio<br />

de que a nenhum homem era lícito ensinar a menos que o mesmo<br />

viesse de Deus. Visto, porém, que ninguém se vangloria mais arrogante<br />

e categoricamente de seu título divino do que os falsos profetas, eles<br />

precisam ser testados pelo espírito de discernimento. Consequentemente,<br />

Nicodemos acrescenta que é indubitável que Cristo tenha sido<br />

enviado por Deus, pois este exibia nele seu poder com tal virtude que<br />

não se podia negar que Deus estava com ele. Ele toma como matéria<br />

axiomática que Deus não costuma operar senão através de seus ministros,<br />

para que assim pudesse pôr seu selo sobre o ofício que lhes<br />

confiara. E ele está certo, pois Deus sempre designou os milagres para<br />

que fossem selos de sua doutrina. Ele está também certo em reconhecer<br />

Deus como o único autor dos milagres, quando diz que ninguém<br />

pode fazer tais sinais a não ser que Deus esteja com ele. Equivale dizer<br />

que não eram atos humanos, senão que o poder de Deus reinava e permanecia<br />

nitidamente neles. Numa palavra, os milagres têm um duplo<br />

resultado: preparar-nos para a fé e então imprimir maior fortalecimento<br />

naquele que tem sido concebido pela Palavra. E assim Nicodemos<br />

apropriou-se corretamente da primeira parte, visto que, à luz dos milagres,<br />

ele reconhece Cristo como um legítimo profeta de Deus.<br />

Não obstante, isso parece inconclusivo porque, já que os profetas<br />

podem enganar os ignorantes com suas fraudes tão perfeitamente<br />

como se estivessem, através de sinais genuínos, provando ser ministros<br />

de Deus, que diferença haverá entre a verdade e a falsidade, se<br />

porventura a fé dependesse de milagres? Aliás, Moisés declara expressamente<br />

que dessa forma somos testados se de fato amamos a Deus<br />

[Dt 13.3]. Conhecemos também a advertência de Cristo, bem como a<br />

de Paulo, ou seja, que os crentes devem precaver-se dos sinais mentirosos<br />

pelos quais o Anticristo ofusca muitos olhos [Mt 22.24]. Minha<br />

resposta é que isso é feito pela justa permissão de Deus, a fim de que

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