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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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118 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

– ou seja, elementos puros e líquidos – com a natureza terrena e animal<br />

do homem. Por isso tomam este dito como sendo de caráter alegórico,<br />

a saber, que Cristo estava recomendando a nos despirmos de nossa<br />

pesada e insuportável massa de carne e a nos tornarmos como água e<br />

ar, a fim de nos movermos para cima ou, pelo menos, não cairmos por<br />

terra sob um fardo tão pesado. Mas ambas as opiniões me parecem<br />

alheias à intenção de Cristo.<br />

Crisóstomo, com quem a maioria concorda, relaciona o termo<br />

água com o batismo. O significado, então, seria que, por meio do batismo,<br />

entramos no reino de Deus, porque então o Espírito de Deus<br />

nos regenera. Daí surgir a crença na absoluta necessidade do batismo<br />

para a esperança de vida eterna. Mas ainda que concordássemos que<br />

neste ponto Cristo está falando do batismo, não devemos forçar suas<br />

palavras a ponto de fazê-lo restringir a salvação ao sinal externo. Ao<br />

contrário, ele conecta água com o Espírito porque, sob esse sinal visível,<br />

ele testifica e sela a novidade de vida, a qual, tão somente através<br />

de seu Espírito, Deus efetua em nós. É verdade que somos excluídos<br />

da salvação se desprezarmos o batismo; e, neste caso, confesso ser<br />

ele necessário. É absurdo, porém, confinar ao sinal a certeza da salvação.<br />

No que diz respeito a esta passagem, não posso de forma alguma<br />

convencer-me de que Cristo esteja falando do batismo, porquanto isso<br />

teria sido inoportuno. E devemos ter sempre em mente o propósito<br />

de Cristo, o qual já explicamos como sendo o desejo de impelir Nicodemos<br />

à novidade de vida, porquanto não seria capaz de receber o<br />

evangelho enquanto não começasse a ser um outro homem.<br />

Para sermos filhos de Deus temos que nascer de novo, e que o<br />

Espírito Santo é o autor desse segundo nascimento é, pois, uma afirmação<br />

única e simples. Pois enquanto Nicodemos sonhava com a<br />

regeneração (παλιγγενεσία) ou transmigração ensinada por Pitágoras,<br />

que imaginava que as almas, após a morte de seus corpos, entrava em<br />

outros corpos, Cristo, para libertá-lo desse erro, acrescenta, à maneira<br />

de explicação, que nascer segunda vez não é um evento que sucede

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