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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 43<br />

riamente cegos; tão profundamente cegos que não sabiam qual era a<br />

causa da luz de que desfrutavam. E essa é a terrível realidade de todos<br />

os tempos. Cristo revelou seu poder por toda parte, mesmo antes de<br />

manifestar-se em carne. Portanto, esses efeitos diários devem corrigir<br />

a morosidade humana, pois o que poderia ser mais irracional do<br />

que tirar água de um ribeiro sem nunca ponderar sobre o manancial<br />

donde ela emana? Consequentemente, o mundo não tem como alegar<br />

ignorância como legítima justificativa de não conhecer a Cristo antes<br />

que ele se manifestasse em carne. Pois tal ignorância é oriunda da<br />

frouxidão e de um gênero de embotamento naqueles que sempre o<br />

tiveram ao alcance de suas faculdades. Eis a suma de tudo isso: Cristo<br />

nunca esteve tão ausente do mundo que os homens não pudessem ser<br />

despertados por seus raios e poder olhar para ele. À luz desse fato,<br />

deduz-se que eles são culpados.<br />

11. Ele veio para os seus. Aqui o Evangelista comprova amplamente<br />

a deplorável perversidade e depravação do homem, sua impiedade<br />

mais que maldita, a saber: quando o Filho de Deus se revelou visivelmente<br />

em carne (e isso aos judeus, a quem Deus havia separado para<br />

si dentre as nações para que o mesmo fosse sua propriedade peculiar),<br />

ele não foi reconhecido nem recebido. Este versículo é também<br />

explicado de diferentes formas. Há quem pense que o Evangelista está<br />

falando de todo o mundo em geral, pois não há sequer uma partícula<br />

do mundo que o Filho de Deus não possa com justiça reivindicar como<br />

lhe pertencendo. Portanto, segundo esse ponto de vista, este deve ser<br />

o significado: quando Cristo veio à terra, ele não entrou num país estrangeiro,<br />

porquanto toda a raça humana lhe pertencia por herança.<br />

Quanto a mim, porém, aprovo mais a opinião dos que afirmam que<br />

a referência aqui é exclusivamente aos judeus. O Evangelista salienta<br />

a ingratidão humana com uma comparação implícita. O Filho de<br />

Deus havia escolhido uma habitação para si numa nação específica.<br />

Ao fazer-se presente ali, foi rejeitado. E isso revela claramente quão<br />

viciosa é a cegueira humana. Ao fazer essa afirmação, o único objetivo<br />

do Evangelista era simplesmente remover a ofensa que a incredulida-

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