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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 3 • 127<br />

damente calcar aos pés o mundo inteiro, e não sermos confundidos<br />

pela incredulidade de quem quer que seja. Aprendemos da censura de<br />

Cristo que seu testemunho não é recebido, que o destino, por assim<br />

dizer, da Palavra de Deus tem sido em todos os tempos que ela logra<br />

aceitação apenas entre uns poucos, pois a expressão, não aceitais, se<br />

relaciona com a maioria, com quase toda a sociedade humana. Não há<br />

razão, pois, por que a escassez de crentes, hoje, nos perturbe.<br />

12. Se vos falei das coisas terrenas. Cristo conclui que Nicodemos,<br />

e os que pensam como ele, deveriam se envergonhar, caso não<br />

atingissem o devido progresso na doutrina do evangelho, pois ele mostra<br />

que não é culpa sua que todos não sejam devidamente treinados,<br />

visto que ele desceu à terra para nos fazer subir ao céu.<br />

É um erro muito comum que os homens queiram ser instruídos de<br />

maneira sutil e escolástica. Essa é a razão por que uma parte tão grande<br />

goste de especulações soberbas e confusas, e por que a maioria<br />

subestima o evangelho, já que não encontram nele linguagem pomposa<br />

que encante seus ouvidos. E assim, não se dignam de entregar-se ao<br />

estudo de uma doutrina comum e humilde. Mas quão perverso é que<br />

dediquemos menos reverência ao discurso de Deus só porque não se<br />

nivela à nossa ignorância! Saibamos que é por nossa causa 8 que o Senhor<br />

balbucia conosco na Escritura num estilo deselegante e comum.<br />

Quem quer que diga que se sente ofendido com tal mesquinharia ou<br />

argumentos como desculpas para não sujeitar-se à Palavra de Deus<br />

não passa de um mentiroso. Pois aquele que não consegue abraçar a<br />

Deus, num amorável amplexo, quando ele se acha perto, certamente<br />

não galgará a ele quando ele se achar acima das nuvens.<br />

As coisas terrenas. Há quem explique esta sentença como sendo<br />

os rudimentos da doutrina espiritual, pois a renúncia é um gênero<br />

de primeiro estágio no exercício da piedade. Concordo, antes, com<br />

aqueles que apontam para a forma de ensino, pois ainda que todo<br />

o discurso de Cristo fosse de cunho celestial, todavia ele falava de<br />

8 “Pour l’amour de nous.”

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