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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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214 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

que fiquemos surpresos se, à medida que a glória de Deus for mais<br />

plenamente exibida, Satanás também se enfureça ainda mais violentamente<br />

em seus membros e instrumentos.<br />

Porque ele não só transgrediu o sábado. Quando o evangelista<br />

diz que os judeus eram hostis a Cristo por haver ele transgredido o sábado,<br />

ele fala segundo a opinião que formara, pois já demonstrei que<br />

a situação do caso era totalmente o oposto. A principal causa de sua<br />

fúria era que ele mesmo denominou Deus de meu Pai. E certamente<br />

Cristo pretendia que se entendesse que Deus era seu Pai em um sentido<br />

peculiar, de modo a distinguir-se da categoria ordinária dos demais<br />

homens. Ele se fez igual a Deus quando reivindicou para si o direito<br />

de continuar trabalhando, e Cristo longe está de negar isso, porque o<br />

confirma ainda mais distintamente. Isso refuta a demência dos arianos<br />

que reconheciam que Cristo é Deus, porém não criam que ele fosse<br />

igual ao Pai, como se na essência única e simples de Deus pudesse<br />

haver alguma desigualdade.<br />

19. Jesus, portanto, respondeu. Observemos o que eu já disse:<br />

que Cristo longe está de defender-se do que os judeus asseveravam,<br />

ainda que a intenção deles era constrangê-lo de calúnia, mantém ainda<br />

mais francamente como sendo verdadeiro. Primeiramente, ele insiste<br />

neste ponto: a obra na qual os judeus matutavam era uma obra divina,<br />

para fazê-los entender que estariam lutando contra Deus mesmo se<br />

persistissem em condenar o que necessariamente deve ser-lhe atribuído.<br />

Antigamente, esta passagem foi debatida de várias maneiras<br />

entre os Pais ortodoxos e os arianos. Ário inferiu dela que o Filho é<br />

inferior ao Pai porque por si só ele nada pode fazer. Os Pais replicaram<br />

que essas palavras denotam nada mais que a distinção da pessoa, de<br />

modo que se soubesse que Cristo procede do Pai, e no entanto ele não<br />

é privado do poder intrínseco de agir. Mas ambos os partidos estavam<br />

equivocados. Pois o discurso não se relaciona com a simples deidade<br />

de Cristo, e essas afirmações que veremos imediatamente não se relacionam<br />

simplesmente e por si só com o Verbo eterno de Deus, mas<br />

se aplicam somente ao Filho de Deus, enquanto manifestado na carne.

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