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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 5 • 241<br />

parar para receber a doutrina do evangelho senão afastar todos seus<br />

sentidos do mundo e volvê-los tão-somente para Deus, e seriamente<br />

considerar que é com Deus que têm que tratar, para que, esquecendo<br />

as vanglórias com as quais estão acostumados a iludir a si mesmos,<br />

penetrem suas próprias consciências. Portanto, não cabe admirarmo-nos<br />

se o evangelho, em nossos dias, se depara com tão poucas<br />

pessoas dispostas a deixar-se instruir, visto que todos se deixam arrebatar<br />

pela ambição. Tampouco devemos ceder à perplexidade se<br />

muitos apostatam da profissão do evangelho, porquanto se acham dominados<br />

por sua própria vaidade e empáfia. Tanto mais solicitamente<br />

devemos buscar esta única coisa: que, embora sejamos vilipendiados<br />

e desprezados aos olhos do mundo, e até mesmo esmagados em nosso<br />

próprio íntimo, podemos ser contados no número dos filhos de Deus.<br />

45. Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Esta é a forma<br />

como devemos tratar com as pessoas obstinadas e empedernidas,<br />

quando nada aprendem pela instrução e conselhos amorosos. Aliás,<br />

há poucas pessoas que gracejam de Deus abertamente, porém há muitas<br />

que, crendo que Deus, a quem se opõem como inimigos, é gracioso<br />

para com elas, os entretém em seu ócio com adulações fúteis. E assim,<br />

nos dias atuais, nossos gigantes, 22 embora impiamente tripudiem toda<br />

a doutrina de Cristo, arrogantemente se gabam de ser íntimos amigos<br />

de Deus. Pois quem persuadirá os papistas de que o Cristianismo existe<br />

em qualquer outra parte fora de seu reduto? Tais eram os escribas,<br />

com quem Cristo está aqui polemizando. Ainda que fossem os mais<br />

22 As guerras dos gigantes tiveram um lugar eminente na mitologia antiga e na crença<br />

popular. Para não mencionar os poetas, cuja imaginação era fértil para tais tópicos, eles<br />

são formalmente introduzidos por Cícero, em um tratado filosófico, ainda que só com o<br />

propósito de instruir seus leitores a “desprezar e rejeitar essas fábulas”. “Os deuses”,<br />

diz ele, “como relatam as fábulas, não viviam sem guerras e batalhas; e isso não só nas<br />

descritas por Homero, quando alguns dos deuses ficavam furiosos, por um lado, e outros<br />

do outro lado, em dois exércitos opostos; mas ainda, como no caso dos titãs e gigantes,<br />

promoviam suas próprias batalhas. Tais coisas (acrescenta ainda) são contadas e são<br />

puerilmente cridas, e estão cheias de tolices absurdas.” – (De Nat. Deorum, lib ii.). A<br />

ousada presunção e completa descompostura dos gigantes, em suas guerras fabulosas,<br />

são às vezes aludidas por Calvino e por outros escritores cristãos, quando descrevem a<br />

perversidade e estultícia do homem que estende sua mão contra Deus e se fortalece contra<br />

o Todo-Poderoso [Jó 15.25].

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