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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 2 • 97<br />

estavam conectadas com o sacro culto divino, a fim de que qualquer um<br />

tivesse como obter facilmente alguma coisa para apresentar ao Senhor.<br />

E, com certeza, tornava-se muito conveniente que as pessoas religiosas<br />

encontrassem as várias oblações no local próprio, e assim fossem poupadas<br />

da fadiga de procurá-las. Portanto, causa estranheza que Cristo<br />

se mostrasse tão irado. Mas é oportuno que se observem duas razões.<br />

Os sacerdotes abusavam desse comércio em prol de seu próprio lucro e<br />

satisfação de sua avareza, e era intolerável que Deus fosse escarnecido.<br />

Além disso, qualquer justificativa que os homens apresentassem, tão<br />

logo se apartavam, por mais leve que fosse, do mandamento de Deus,<br />

faziam-se culpáveis e mereciam correção. E essa é a principal razão por<br />

que Cristo assumiu a responsabilidade de purificar o templo, pois afirma<br />

claramente que o templo de Deus não é lugar de atos mercantis.<br />

Mas, pode-se perguntar, por que ele não principiou ministrando-<br />

-lhes instrução? Parece um procedimento desordenado e invertido<br />

usar a força para corrigir abusos, antes mesmo de tentar-se o antídoto<br />

da didática. Cristo, porém, tinha um alvo bem distinto. Pois já que chegara<br />

o tempo para ele desincumbir-se publicamente do ofício que lhe<br />

fora confiado pelo Pai, quis de alguma forma tomar posse do templo e<br />

pôr em evidência sua divina autoridade. E para que todos atentassem<br />

bem para seu ensino, suas morosas e sonolentas mentes tinham que<br />

ser despertadas por algo novo e inusitado. Ora, o templo era o relicário<br />

da religião e doutrina celestiais. Uma vez que queria restaurar a pureza<br />

da doutrina, era de imensurável importância estabelecer-se como<br />

o Senhor do Templo. Além disso, não havia outro meio de conduzir<br />

os sacrifícios e outros exercícios religiosos de volta ao seu propósito<br />

espiritual do que removendo deles os abusos. O que ele fez naquele<br />

momento era, portanto, uma espécie de prelúdio à reforma à qual o Pai<br />

o enviara a realizar. Numa palavra, era oportuno que os judeus fossem<br />

despertados, mediante tal exemplo, a fim de que esperassem de Cristo<br />

algo inusitado e assustador. E era igualmente necessário lembrá-los<br />

poderosamente da corrupção e perversão do culto divino, a fim de<br />

que não apresentassem objeção à sua correção.

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