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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 2 • 89<br />

mente quando o vinho é de uso diário. Além disso, o contexto revela<br />

que o vinho começou a faltar já no final da festa, quando é comum que<br />

todos já se serviram bem. O administrador da festa diz outro tanto:<br />

“Todos servem primeiro o melhor vinho, e, depois que os convidados<br />

já beberam bastante, serve-se o vinho inferior.” Além do mais, não tenho<br />

dúvida de que tudo isso foi premeditado pela divina providência,<br />

para que houvesse ali um momento oportuno para o milagre.<br />

3. A mãe de Jesus lhe disse. É de se perguntar se, porventura, ela<br />

esperava ou pedia alguma coisa a seu filho, quando ele não havia ainda<br />

realizado nenhum milagre. E é possível que, sem esperar qualquer<br />

providência desse gênero, ela lhe pedisse que tranquilizasse o ânimo<br />

dos convivas com algumas exortações piedosas, ao mesmo tempo assim<br />

amenizasse o embaraço do noivo. Além do mais, considero suas<br />

palavras como συμπαθεία, ou ardente compaixão. Pois quando a santa<br />

mulher viu que a festa poderia ser perturbada pela suspeita de que os<br />

convivas pudessem estar sendo tratados com desrespeito, e viessem<br />

a murmurar contra o noivo, ela procurou algum meio de amenizar a situação.<br />

Crisóstomo lança-lhe a suspeita de ser movida por seu instinto<br />

feminino de ir após não sei que sorte de favorecimento para si e para<br />

seu Filho. Tal conjectura é destituída do apoio de qualquer argumento.<br />

Por que, pois, Cristo a repele com tanta severidade? Minha resposta<br />

é que, embora ela não fosse motivada por nenhuma ambição, nem<br />

por outra qualquer afeição carnal, todavia pecou em ir além de seus<br />

próprios limites. Sua solicitude sobre a inconveniência suportada por<br />

outros, e seu desejo de remediá-la de alguma forma, eram provenientes<br />

da bondade e devem receber seu crédito; não obstante, ao promover-<br />

-se, ela poderia ter obscurecido a glória de Cristo. Portanto, devemos<br />

observar que Cristo falou assim, não tanto por ela, mas por causa dos<br />

demais. Sua modéstia e generosidade eram imensas demais para que<br />

merecessem reprovação tão severa. Além disso, ela não estava pecando<br />

consciente e voluntariamente; Cristo, porém, apenas mostra o perigo de<br />

que as palavras de sua mãe fossem mal interpretadas, como se estivesse<br />

nela ordenar que ele, a partir daí, operasse o milagre.

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