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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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138 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

contrário, sentem aversão pela luz e fogem dela, para que mais livremente<br />

folguem nas trevas.<br />

21. Aquele, porém, que pratica a verdade. Esta aparenta ser<br />

uma afirmação imprópria e absurda, a não ser que o leitor prefira<br />

admitir que alguns são retos e verdadeiros mesmo antes que tenham<br />

sido renovados pelo Espírito de Deus, o que de forma algum se harmoniza<br />

com a doutrina uniforme da Escritura. Pois bem sabemos que<br />

a fé é a raiz da qual procedem os frutos das boas obras. Com vista a<br />

resolver esta dificuldade, Agostinho diz que praticar a verdade significa<br />

“reconhecer que somos miseráveis e destituídos de todo poder<br />

de praticar o bem”; e, por certo, é uma genuína preparação para a<br />

fé quando a convicção de nossa pobreza nos compele a fugir para a<br />

graça de Deus. Mas tudo isso é amplamente removido da intenção<br />

de Cristo, pois ele pretendia simplesmente dizer que aqueles que<br />

agem sinceramente nada desejam mais solicitamente do que a luz,<br />

para que suas obras sejam julgadas. Porque, quando tal prova é feita,<br />

torna-se mais evidente que, à vista de Deus, falam a verdade e são<br />

isentos de toda falsidade.<br />

Ora, seria um raciocínio inconclusivo, caso inferíssemos disso<br />

que os homens desfrutam de sã consciência antes de experimentar a<br />

fé. Porque Cristo não diz que os eleitos creem a ponto de merecerem o<br />

louvor das obras, mas simplesmente o que os incrédulos fariam caso<br />

não experimentassem uma má consciência.<br />

Cristo empregou a palavra verdade porque, quando somos enganados<br />

pelo brilho externo das obras, não consideramos o que está<br />

oculto dentro. Consequentemente, diz ele que os homens que são retos<br />

e isentos de hipocrisia espontaneamente entram na presença de<br />

Deus, o único que é Juiz competente de nossas obras. Porque somos<br />

informados que essas obras são feitas em Deus ou de conformidade<br />

com Deus, as quais são aprovadas por ele e as quais são boas em consonância<br />

com sua norma. Daí, aprendamos que não devemos julgar<br />

as obras de qualquer outra maneira senão trazendo-as para a luz do<br />

evangelho, porquanto nossa razão é totalmente cega.

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