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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 4 • 173<br />

o sacerdócio e todas as cerimônias a elas conectados, até onde se relacionam<br />

com o passado. Uma vez mais, para mostrar que Deus não<br />

escolhe ser cultuado ou em Jerusalém ou no monte Gerizim, ele toma<br />

um princípio mais elevado, a saber: que o culto verdadeiro a ele devido<br />

consiste no espírito; pois daqui se segue que em todos os lugares<br />

ele pode ser cultuado apropriadamente.<br />

Mas a primeira inquirição que se apresenta aqui é: Por que, e em<br />

que caso, é o culto divino chamado espiritual? Para entender isto, é<br />

preciso atentar para o contraste entre o espírito e os emblemas externos,<br />

bem como entre as sombras e a realidade. Lemos que o culto<br />

divino consiste no espírito porque ele nada mais é do que a fé interior<br />

do coração que produz a oração, e em seguida a pureza da consciência<br />

e da renúncia, para que possamos ser dedicados à obediência a Deus<br />

como santos sacrifícios.<br />

Daí surge outra pergunta: Os Pais não o adoraram espiritualmente<br />

sob a lei? Eis minha resposta: visto que Deus é sempre imutável, ele<br />

não aprovou desde o princípio do mundo qualquer outro culto além<br />

daquele que é espiritual e que se harmoniza com sua própria natureza.<br />

Isso é sobejamente atestado pelo próprio Moisés, que declara em<br />

muitas passagens que a lei não tem outro objetivo senão que o povo<br />

se una a Deus com fé e uma consciência pura. Mas declara-se ainda<br />

mais claramente pelos profetas quando atacam com severidade a hipocrisia<br />

do povo, porque pensavam que satisfaziam a Deus quando<br />

realizavam os sacrifícios e faziam uma exibição externa. É desnecessário<br />

citar aqui muitas provas que se encontram em toda parte, mas<br />

as passagens mais notáveis são as seguintes: Salmos 1; Isaías 1; 58;<br />

66; Miquéias 5; Amós 7. Mas enquanto o culto divino sob a lei era espiritual,<br />

o mesmo estava envolvido por muitas cerimônias externas,<br />

que se assemelhavam a algo carnal e terreno. Por essa razão, Paulo<br />

chama as cerimônias carne e os elementos desprezíveis do mundo [Gl<br />

4.9].De igual modo, o autor da Epístola aos Hebreus diz que o santuário<br />

antigo, com seus acessórios, era terreno [Hb 9.1]. Assim podemos com<br />

justiça dizer que o culto da lei era espiritual em sua substância, mas,

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