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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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480 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

minha opinião, expressa pelo evangelista quando diz que Cristo viu<br />

chorando Maria e os demais. Contudo não tenho dúvida de que Cristo<br />

contemplava algo mais elevado, a saber, a miséria geral de toda a raça<br />

humana, pois bem sabia o que lhe fora imposta pelo Pai e por que fora<br />

enviado ao mundo, a saber, livrar-nos de todos os males. Visto que<br />

realmente já havia feito tudo isso, assim ele tencionava mostrar que<br />

o cumprira com amor e solicitude. Consequentemente, quando está<br />

para ressuscitar a Lázaro, antes de outorgar livramento ou auxílio, gemendo<br />

em seu espírito com um forte sentimento de tristeza e lágrimas,<br />

ele mostra que se acha tanto afetado por nossas angústias quanto está<br />

disposto a suportá-las em sua própria pessoa.<br />

Mas, como é possível que gemidos e uma mente atribulada possam<br />

fazer parte da pessoa do Filho de Deus? Como alguns ponderam ser<br />

um absurdo dizer que Cristo, como parte do número dos seres humanos,<br />

estivesse sujeito às paixões humanas, acreditam que a única<br />

maneira de ele experimentar tristeza e alegria era que ele recebia em<br />

seu íntimo tais sentimentos sempre que achasse conveniente por alguma<br />

dispensação secreta. Agostinho pensa que é neste sentido que o<br />

evangelista diz que ele sentia atribulado, porquanto os demais homens<br />

se sentem opressos por suas emoções, as quais exercem domínio ou<br />

melhor, tirania atormentando suas mentes. Portanto, ele considera ser<br />

este o significado: Cristo, ainda que sob outros aspectos tranquilo e<br />

isento de toda e qualquer paixão, permitiu-se gemer e entristecer-se<br />

em seu íntimo intencionalmente. Mas esta simplicidade, em minha<br />

opinião estará em mais harmonia com a Escritura se dissermos que o<br />

Filho de Deus, tendo se vestido com nossa carne, de bom grado vestiu-<br />

-se também com emoções humanas, de modo que não diferia em nada<br />

de seus irmãos, exceto unicamente quanto ao pecado. Dessa forma<br />

nada detraímos da glória de Cristo quando dizemos que essa era uma<br />

submissão voluntária, pela qual ele veio a ser semelhante a nós nas<br />

emoções da alma. Além disso, visto ele tornar-se submisso desde o início,<br />

não devemos imaginar que ele era livre e isento de tais emoções,<br />

e nesse aspecto ele provou ser nosso irmão, a fim de assegurar-nos

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