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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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124 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

Cristo lhe adverte a não se maravilhar, não se deve entender como se<br />

ele estivesse nos ordenando a desprezar tão esplêndida obra de Deus,<br />

obra esta digna da mais sublime admiração. Antes, ele quer dizer que<br />

não devemos ficar fascinados com um espanto tal que nossa fé venha<br />

a ser prejudicada, pois muitos rejeitam, como não passando de fábula,<br />

o que acreditam ser por demais elevado e difícil. Em outros termos,<br />

não nutramos dúvida ante o fato de que, pelo Espírito de Deus, somos<br />

remodelados e feitos um novo homem, ainda que a forma como Deus<br />

o faz nos seja oculta.<br />

8. O vento sopra onde quer. Estritamente falando, não significa<br />

que seu sopro seja voluntário, mas porque o movimento é livre, errante<br />

e suscetível de mudanças, pois o ar, às vezes, toma esta direção e,<br />

às vezes, aquela. E tal fato é relevante, pois, se ele soprasse numa só<br />

direção, como o faz a água, seria menos portentoso.<br />

Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. A intenção de<br />

Cristo é que o movimento e operação do Espírito de Deus não seja<br />

menos perceptível na renovação do homem do que o movimento do<br />

ar nesta vida terrena e externa. Seu modo, porém, é oculto. Portanto,<br />

seremos ingratos e mesquinhos se não venerarmos o incompreensível<br />

poder de Deus na vida celestial, da qual ele nos revela um exemplo tão<br />

extraordinário neste mundo, e se lhe atribuirmos menos em restaurar<br />

a salvação de nossas almas do que em preservar o estado de nossos<br />

corpos. A aplicação será um pouco mais clara se formularmos a sentença<br />

assim: Assim é o poder e eficácia do Espírito Santo no homem<br />

renovado.<br />

9. Como pode ser isso? Percebemos aqui qual era a principal dificuldade<br />

de Nicodemos. Tudo o que ele ouvia lhe parecia extravagante,<br />

porque ele não entendia seu modo. Para nós não há pior obstáculo do<br />

que nosso orgulho pessoal; pois sempre queremos ser mais sábios do<br />

que o somos, e por isso rejeitamos com diabólico orgulho tudo quanto<br />

nossa própria razão não pode explicar, como se fosse justo limitar o<br />

infinito poder de Deus segundo nossa tacanha capacidade. Em certa<br />

medida, é justo inquirirmos sobre o método e a razão das obras de

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