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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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Capítulo 1 • 33<br />

πρόσωπα ou Pessoas, propriedades [proprietates] distintivas em Deus<br />

que se apresentam às nossas mentes. Como diz Gregório Nazianzeno:<br />

“Não posso imaginar Uma isoladamente das Três [Pessoas] concomitantemente<br />

resplandecendo a meu redor.” 3<br />

E a Palavra era Deus. Para que não pairasse dúvida alguma no<br />

tocante à divina essência de Cristo, o Evangelista claramente afirma<br />

que ele é Deus. Ora, já que Deus é um só, segue-se que Cristo é da mesma<br />

essência com o Pai e, não obstante, de alguma forma distinto [do<br />

Pai]. Mas já discorremos sobre a segunda sentença. Ário se revelou em<br />

extremo perverso ao considerar a unidade de essência. Com o fim de<br />

evitar ser forçado a confessar a eterna Deidade de Cristo, ele apregoava<br />

que Deus era alguma espécie de Deidade imaginária. 4 Mas quando<br />

ouvimos que a Palavra era Deus, que direito ainda temos de questionar<br />

sua eterna essência?<br />

2. Ela estava no princípio com Deus. Para penetrar mais profundamente<br />

em nossas mentes o que já havia dito, o Evangelista condensa<br />

as duas sentenças precedentes num breve epílogo: a Palavra sempre<br />

foi e sempre esteve com Deus – para que o leitor compreenda que esse<br />

princípio existia antes que todo e qualquer tempo viesse à existência.<br />

3. Todas as coisas foram feitas por meio dela. Havendo declarado<br />

que a Palavra é Deus e havendo proclamado sua divina essência, ele<br />

prossegue provando sua Deidade à luz de suas obras. E é neste conhecimento<br />

prático que devemos especialmente ser treinados. Porquanto a<br />

mera atribuição do título Deus a Cristo, nos deixaria indiferentes, a menos<br />

que nossa fé sentisse que ele é, na verdade, Deus. Mas ele declara<br />

corretamente sobre o Filho de Deus o que justamente se harmoniza com<br />

a sua pessoa. Às vezes, Paulo, de fato, simplesmente diz que “todas as<br />

coisas pertencem a Deus” [Rm 11.36]. Mas, quando o Filho é comparado<br />

3 O leitor encontrará os pontos de vista de nosso autor, acerca da Santíssima Trindade,<br />

mui plenamente ilustrados nas Institutas da Religião Cristã, Livro I, Capítulo XIII, e ficará<br />

perplexo se admirar atentamente a agudeza ou a sobriedade do juízo por meio do qual<br />

toda a discussão é entremeada.<br />

4 “Que c’estoit je ne scay quel Dieu qui avoit esté creé, et eu commencement.” – “Que havia<br />

não que Deus que foi criado e que teve começo.”

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