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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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34 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

com o Pai, geralmente é distinguido por essa característica. Consequentemente,<br />

o que se emprega aqui é a maneira ordinária de se expressar<br />

– o Pai fez todas as coisas por intermédio do Filho, e todas as coisas<br />

existem para Deus através do Filho. Ora, como eu já disse, o plano do<br />

Evangelista é mostrar que a Palavra de Deus se manifestou pela atividade<br />

externa, imediatamente a partir da criação do mundo. Pois havendo<br />

sido anteriormente incompreensível em sua essência, ela foi publicamente<br />

conhecida pelo efeito de seu poder. Até mesmo alguns filósofos<br />

descreveram a Deus como o arquiteto do mundo, de modo a estabelecê-<br />

-lo como aquela inteligência que é subjacente à edificação dessa obra.<br />

Nisso estão certos, pois concordam com a Escritura; mas, como logo se<br />

perdem em meditações pueris, não há razão por que devamos desejar<br />

seu testemunho como algo de tanto valor. Ao contrário, devemos ficar<br />

satisfeitos com este oráculo celestial, sabendo que ele diz muito mais<br />

do que nossas mentes podem conceber.<br />

E sem ela nada do que foi feito se fez. Embora este versículo<br />

tenha sido interpretado de diversas maneiras, não hesito em interpretá-lo<br />

como constituído de uma só ideia – nada do que foi feito se fez.<br />

Quase todos os manuscritos gregos (ou, no mínimo, aqueles que desfrutam<br />

de maior autoridade) concordam neste ponto. Além do mais, o<br />

sentido indubitavelmente o exige. Aqueles que separam a frase se fez<br />

da sentença anterior, de modo a conectá-la à sentença seguinte, forçam<br />

o sentido, ficando assim: o que se fez era a vida nela [a Palavra],<br />

ou, seja: “viveu” ou “foi sustentada com vida”. 5 Mas não conseguem<br />

provar que essa forma de se expressar é sempre aplicada às criaturas.<br />

Agostinho, cujo método é platonista extremado, devotou-se à<br />

5 A diferença de redações está totalmente na pontuação, e a disputa é se as palavras ὃ<br />

γέγονεν formarão a conclusão do terceiro ou o começo do quarto versículo. Calvino<br />

expressa sua concorrência com a maioria dos manuscritos, os quais conectam as<br />

palavras em questão com o terceiro versículo, assim: Καὶ χωρὶς αὐτοῦ ἐγένετο οὐδὲ<br />

ἓν ὃ γέγονεν, e sem ele não se fez coisa alguma (ou, mais literalmente, bem como mais<br />

enfaticamente), e sem ele nenhuma coisa foi feita – a qual foi feita. Outros manuscritos,<br />

certamente de bem pouca autoridade, as conectam com o quarto versículo: Καὶ χωρὶς<br />

αὐτοῦ ἐγένετο οὐδὲ ἓν Ο γέγονεν ἐν αὐτῷ ζωὴ ᾖν. E sem ele nenhuma coisa foi feita.<br />

O que foi feito teve nele a vida. A preferência de nosso autor repousa em bases que<br />

dificilmente podem ser questionadas.

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