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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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36 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

na qual os homens excedem às demais criaturas animadas. É como se<br />

ele quisesse dizer que a vida outorgada aos homens não era a vida em<br />

geral, mas a vida associada à luz da razão. Além do mais, ele separa os<br />

homens dos demais seres, visto que somos cônscios do poder de Deus<br />

através do sentimento existente em nós mais do que através da visão<br />

ótica dele à distância. Daí, em Atos 17.27, Paulo nos dizer para não<br />

buscarmos a Deus como se ele estivesse longe, já que ele se revela em<br />

nosso mundo interior. E assim, quando o Evangelista pôs em evidência<br />

uma consideração geral da graça de Cristo, procurando persuadir os<br />

homens a prestarem maior atenção, ele põe diante deles o que lhes<br />

fora outorgado de forma específica – a saber, que não foram criados à<br />

semelhança dos seres brutos, senão que, ao serem dotados de razão,<br />

foram postos numa categoria muito mais sublime. Além do mais, visto<br />

que Deus eficazmente ilumina suas mentes com sua própria luz, segue-<br />

-se que foram criados para que pudessem saber que Deus é o Autor de<br />

uma benção tão singular. E, visto que essa luz nos flui da Palavra, como<br />

sua fonte, ela nos é como um espelho no qual podemos ver claramente<br />

o divino poder da Palavra.<br />

5. E a luz resplandece nas trevas. Pode-se suscitar uma objeção,<br />

dizendo que os homens são, em muitas passagens da Escritura,<br />

chamados de cegos, e que tal cegueira, à qual se acham condenados,<br />

é sobejamente notória, porquanto fracassam miseravelmente<br />

em todo seu raciocínio. Pois, donde procedem os infindáveis labirintos<br />

de erros no mundo, senão do fato de os homens serem<br />

guiados tão somente por seu próprio entendimento às ilusões e<br />

falsidades? Não obstante, se porventura nenhuma luz é visível aos<br />

homens, conclui-se que este testemunho do Evangelista acerca da<br />

divindade de Cristo fica destruído. Porque, como já disse, o terceiro<br />

passo consiste em que, na vida humana, há algo muito mais excelente<br />

do que mero movimento e respiração. O Evangelista antecipa<br />

este problema prontamente nos advertindo que a luz outorgada<br />

aos homens no princípio não pode ser avaliada em seu presente<br />

estado, visto que, nesta natureza arruinada e degenerada, a luz se

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