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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 1

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 1.

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42 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

ele põe diante de nós aquela experiência que é comum a todos. Pois<br />

já que Cristo faz a todos nós participantes de seu esplendor, é preciso<br />

reconhecer que se deve atribuir exclusivamente a ele a dignidade de<br />

ser chamado luz.<br />

Quanto ao mais, este versículo é comumente explicado de duas<br />

formas. Alguns limitam o termo universal, todo homem, aos que,<br />

regenerados pelo Espírito de Deus, se tornam participantes da luz vivificante.<br />

Agostinho lança mão do símile de um professor, dizendo: Se<br />

sua escola é a única na cidade, será chamado o professor de todos,<br />

mesmo que muitos não frequentem sua escola. Portanto, essa ala considera<br />

esta frase em termos relativos: todos são iluminados por Cristo,<br />

visto que ninguém pode gabar-se de ter obtido a luz da vida de outra<br />

forma, senão mediante sua graça. Mas, como o Evangelista menciona<br />

em termos gerais: “ilumina a todo homem que vem ao mundo”, prefiro<br />

o outro significado, a saber: que os raios dessa luz são projetados<br />

sobre toda a raça humana, como eu disse supra. Pois sabemos que os<br />

homens tem esta única qualidade acima de todos os animais, a saber:<br />

são dotados de razão e inteligência e levam a distinção entre o certo<br />

e o errado esculpida em suas consciências. Portanto, não há homem<br />

em quem não penetre alguma noção da luz eterna. Visto, porém, que<br />

os fanáticos avidamente se apoderam deste versículo e o torcem, fazendo-o<br />

afirmar que a graça da iluminação é oferecida a todos sem<br />

distinção, tenhamos em nossa memória que ele está simplesmente se<br />

referindo à luz comum da natureza, algo muito mais inferior que a fé.<br />

Pois ninguém jamais ultrapassará os umbrais do reino de Deus pela<br />

habilidade e perspicuidade de sua própria mente; o Espírito de Deus<br />

é o único que abre os portões celestiais para seus eleitos. Além do<br />

mais, devemos lembrar que aquela luz da razão que Deus comunicou<br />

aos homens se tornou tão entenebrecida pelo pecado que, em meio às<br />

densas trevas, obscena ignorância e abismos de erros, ainda há algumas<br />

poucas centelhas que não foram completamente extintas.<br />

10. Ele estava no mundo. O Evangelista acusa os homens de<br />

ingratidão, com base no fato de que eram, por assim dizer, volunta-

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