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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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cardiorrespiratória, e a droga <strong>do</strong> seu rádio estava enguiça<strong>do</strong>! Douglas começou a<br />

massagem cardíaca enquanto as muitas mulheres ao re<strong>do</strong>r passavam a chorar e a rezar.<br />

Douglas insistiu na massagem e olhou à sua volta. Eram apenas crianças e mulheres.<br />

Onde estavam os homens? O caminho estava livre até o térreo, não havia chamas nas<br />

escadas, só fumaça. Alguém em condição mais calma e raciocinan<strong>do</strong> poderia ter evacua<strong>do</strong><br />

aquelas pobres desesperadas. Conseguiu batimento no coração <strong>do</strong> infeliz prostra<strong>do</strong> no<br />

chão, mas, sem socorro adequa<strong>do</strong>, ele iria a óbito, na certa. Tirou sua máscara <strong>do</strong><br />

pescoço e prendeu-a sobre o rosto <strong>do</strong> velho, aumentan<strong>do</strong> o fluxo de oxigênio e dan<strong>do</strong><br />

alguma chance àquele homem de sair com vida. Precisava de socorro urgente e acabou<br />

valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> celular de uma das bolivianas para ligar ao Copom e pedir o resgate. Cinco<br />

minutos infernais se passaram desde convencer a policial <strong>do</strong> Copom de que ele era um<br />

tenente em atendimento no prédio em chamas e de que aquilo não era nenhum trote até<br />

uma equipe de resgate chegar ao apartamento isola<strong>do</strong> e descer o velho. Apesar de ter<br />

salva<strong>do</strong> a vida <strong>do</strong> boliviano naquela noite, pronto, nunca mais ficaria em paz no quartel<br />

por ter subi<strong>do</strong> para a ocorrência com seu rádio quebra<strong>do</strong>.<br />

— Se você aprontar de novo eu posso não estar por perto pra adiantar o seu la<strong>do</strong>. E<br />

quem é que vai dançar com a Sara no aniversário de quinze anos? — emen<strong>do</strong>u Boris,<br />

rin<strong>do</strong> da própria piada.<br />

— O padrinho dela dança.<br />

— O padrinho, Japa? O padrinho nada. A Sara já deve ter descola<strong>do</strong> um namora<strong>do</strong> a<br />

uma altura dessas. Vai ser o namora<strong>do</strong> dela que vai dançar com ela.<br />

Dessa vez foi o motorista que riu.<br />

— Quer dizer que vai ter bolo e você não me chamou, Douglas? — cobrou o cabo<br />

Noronha.<br />

— Vai chorar, Noronha? — debochou Boris.<br />

— Eu sou cabra macho, homem. Hehehehehe.<br />

— As daminhas têm que ir de rosa, viu? Já fizeram as provas e tu<strong>do</strong>, Noronha, você<br />

está atrasa<strong>do</strong> — juntou Douglas.<br />

— Ô, tenente, deixa disso.<br />

— Você não estava no turno sexta-feira, Noronha. Por isso que ficou sem. Seu<br />

convite está lá na minha mesa no quartel. Quan<strong>do</strong> a gente voltar você pega.<br />

— Firmeza, tenente. Aí, sim. Agora vou fazer presença com a minha mina. Levar ela<br />

pra sair, comer <strong>do</strong> bom e <strong>do</strong> melhor e sem gastar um tostão.<br />

— Sem gastar o escambau, ô malandrão. E o presente da aniversariante? — cobrou<br />

Boris.<br />

Os homens na cabine riam da graça enquanto o motorista e Copom trocavam rápidas

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