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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Décio, são to<strong>do</strong>s amigos seus, amigos meus. Tem médico, tem enfermeira, tem<br />

recepcionista, estamos no meio de uma emergência.<br />

— Doutor, eu sei que é tu<strong>do</strong> amigo, mas o senhor tem que ver o meu la<strong>do</strong>. Eu estou<br />

cansa<strong>do</strong>, estou acaba<strong>do</strong>, estou preocupa<strong>do</strong> com minha noiva. E se ela tá assim <strong>do</strong> mesmo<br />

jeito? E se ela está a<strong>do</strong>rmecida que nem os outros? Se eu acho ela <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> é até uma<br />

benção.<br />

O médico seguiu argumentan<strong>do</strong> até o eleva<strong>do</strong>r, que pelo visto estava no mesmo<br />

andar ainda, posto que não se ouviu mais a voz de Décio.<br />

Mallory e a enfermeira <strong>do</strong> balcão trocaram um olhar longo.<br />

— Verdade o que o Décio disse. Do jeito que essa gente atacada está, <strong>do</strong>rmir é uma<br />

benção.<br />

O médico voltou e parou na frente <strong>do</strong> balcão. Olhou para Mallory sem falar nada.<br />

— Ela veio visitar os amigos dela, <strong>do</strong> Instituto da Criança.<br />

— A Francine?<br />

— Isso.<br />

— Eu já trabalhei com ela. Ótima chefe de enfermagem. Venha comigo. Venha ver a<br />

sua amiga.<br />

— O Laerte também é meu amigo. Como ele está?<br />

O médico bateu as mãos nas coxas e mostrou um rosto contorci<strong>do</strong> de preocupação.<br />

— Venha vê-los. Para ser bem honesto, ninguém sabe como eles estão.<br />

Mallory passou a porta dupla e chegou ao corre<strong>do</strong>r de leitos. Viu <strong>do</strong>is enfermeiros no<br />

corre<strong>do</strong>r. Uma loira e um rapaz moreno. Eles destrancaram uma porta e entraram juntos,<br />

levan<strong>do</strong> o carrinho de medicação.<br />

— O que estão dan<strong>do</strong> para eles, se não sabem o que têm?<br />

— Hidratação, para combater a sede que a maioria diz ter. Eles pararam de se<br />

hidratar por via oral, então aproveitamos as horas <strong>do</strong> dia para fazer hidratação<br />

intravenosa. Também decidimos manter os mais violentos sob sedação constante até que<br />

descubramos o que está acontecen<strong>do</strong> com eles. Analgesia para a <strong>do</strong>r ab<strong>do</strong>minal.<br />

— Já descobriram o que causa a <strong>do</strong>r?<br />

O médico parou de andar e encarou a enfermeira.<br />

— Os exames de imagem não encontram nada anômalo na morfologia, os exames de<br />

sangue têm uma variação grande, a maioria tem uma queda acentuada de hemoglobina e<br />

hemácias, mas aí, horas depois, alguns registram uma recuperação anormal. Um terço<br />

deles também apresenta interrupção <strong>do</strong>s movimentos peristálticos, que também é<br />

combati<strong>do</strong> com medicação, mas assim que a medicação é diminuída o quadro se agrava.<br />

Quadros assim não são exatamente raros, acontecem esporadicamente. Agora, uma

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