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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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estava privilegiada. Os civis que os acompanhavam estavam expostos. Tinham que fazer<br />

com que abrissem o portão e deixar os civis <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, assim teriam uma chance<br />

mais segura de engrossar a situação, diminuin<strong>do</strong> o risco para os cinco homens. O<br />

sargento observou por um instante a dupla lá em cima. O jeito com que seguravam as<br />

armas, a calma com que conversavam, estavam tranquilos e sentin<strong>do</strong>-se em situação<br />

superior. Eram espertos e treina<strong>do</strong>s, provavelmente estavam fazen<strong>do</strong> os mesmos cálculos<br />

que ele e Graziano, pesan<strong>do</strong> as chances, antecipan<strong>do</strong> os movimentos.<br />

— Estamos evacuan<strong>do</strong> o Hospital das Clínicas, senhores — começou o sargento. —<br />

Precisamos de ajuda. Precisamos de pelo menos mais dez ônibus ro<strong>do</strong>viários. E não<br />

estamos confiscan<strong>do</strong>, estamos pedin<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong>.<br />

— Esse problema foge da minha alçada, chefia. A coisa toda degringolou de ontem<br />

pra hoje, tem gente matan<strong>do</strong> gente.<br />

— É por isso que estamos aqui pedin<strong>do</strong> essa força — interveio Graziano. — Tem um<br />

monte de gente desprotegida no HC. Queremos evitar mais mortes.<br />

Os <strong>do</strong>is em cima <strong>do</strong> muro se entreolharam.<br />

— Não posso abrir o portão, policial. Os ônibus não são meus e estou sen<strong>do</strong> pago<br />

para manter esses carros aqui dentro.<br />

— Estão sen<strong>do</strong> pagos? Pagos com o quê? — perguntou Paulo.<br />

— Grana viva, tio.<br />

— Vocês não estão ven<strong>do</strong> como essa cidade está? Se continuar assim, logo, logo<br />

dinheiro de papel ou em um terminal de computa<strong>do</strong>r de um banco não vai valer nada.<br />

Estão tiran<strong>do</strong> a chance de fazermos alguma coisa pelas pessoas naquele hospital.<br />

Os <strong>do</strong>is mercenários se olharam mais demoradamente dessa vez. O de palito no beiço<br />

soergueu as sobrancelhas.<br />

— Não leve a mal, policial, mas esse é o meu trabalho, e desse portão ninguém passa.<br />

Os homens lá embaixo se olharam, Paulo deu de ombros e se dirigiu para a Land<br />

Rover.<br />

— Vocês vão deixar quieto? — perguntou Rui, baixinho.<br />

Graziano fez um sinal para ele ficar na miúda. Foi Cássio quem an<strong>do</strong>u para a frente e<br />

passou a mão nos olhos.<br />

— Escuta, meu irmão. Se é hora de levar o trabalho ao pé da letra, eu vou levar o<br />

meu também. Seu amigo cala<strong>do</strong> aí <strong>do</strong> la<strong>do</strong> está com um fuzil das Forças Armadas. Quero<br />

ver o registro dessa arma, e também quero ver o porte de arma <strong>do</strong>s cidadãos. Abra esse<br />

portão agora.<br />

— Não adianta engrossar, sargento. Vai querer fazer o quê? Nos prender?<br />

Graziano viu quan<strong>do</strong> o sujeito ajeitou o fuzil nas mãos. De cima <strong>do</strong> muro ele poderia

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