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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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uma picape. A enfermeira olhou para o ban<strong>do</strong> de gente ainda no portão e depois para o<br />

imenso compartimento traseiro da caminhonete. Aproximou-se <strong>do</strong> médico e apontou<br />

para o porta-malas.<br />

— Podemos colocar mais umas quatro pessoas aqui atrás.<br />

O médico adiantou-se e agarrou firme seu pulso.<br />

— Não! Não podemos levar ninguém aí! Não é seguro!<br />

Mallory assustou-se com a bruta interrupção e a veemência <strong>do</strong> médico.<br />

— Ok, deu pra entender, <strong>do</strong>utor. Pode soltar meu braço, não vou abrir o seu portamalas.<br />

— Desculpe se fui ríspi<strong>do</strong>. Estou cansa<strong>do</strong>. Três noites sem <strong>do</strong>rmir não fazem bem a<br />

ninguém.<br />

— Uma hora o senhor vai ter que <strong>do</strong>rmir e descobrir, ce<strong>do</strong> ou tarde.<br />

— Você já <strong>do</strong>rmiu desde o que aconteceu?<br />

Mallory apenas aquiesceu com a cabeça, fazen<strong>do</strong> um sinal positivo.<br />

— E está tu<strong>do</strong> bem?<br />

A enfermeira sorriu, alisan<strong>do</strong> o pulso que ardia.<br />

— Eu estou aqui, não é? Firme e sã, tentan<strong>do</strong> ajudar nossos pacientes, arrumar lugar<br />

para que to<strong>do</strong>s fiquem juntos no comboio.<br />

— Não dá para ninguém ir aí atrás. É abafa<strong>do</strong> demais.<br />

Mallory olhou novamente para o porta-malas. A janela traseira estava tapada com um<br />

plástico preto, impedin<strong>do</strong> de ver o interior.<br />

— O que tem aí, <strong>do</strong>utor?<br />

O médico se afastou em direção ao carro seguinte. Mallory tinha quase certeza de<br />

que o homem havia escuta<strong>do</strong> e ignora<strong>do</strong> sua pergunta partin<strong>do</strong> para auxiliar alguém,<br />

acertan<strong>do</strong> que ela não iria insistir. A enfermeira, intrigada, olhou uma última vez para o<br />

compartimento traseiro da Silvera<strong>do</strong>, moven<strong>do</strong> seu punho ainda <strong>do</strong>lori<strong>do</strong>. Estava<br />

perden<strong>do</strong> tempo ali. Voltou até a fila de pacientes e começou a ajudar no que podia. O<br />

sol começava a descer para o horizonte, e em poucas horas a escuridão selaria a cidade.<br />

Cássio, Graziano, os policiais recém-incorpora<strong>do</strong>s ao grupo, Zoraide Ramalho e José<br />

Francisco, que era chama<strong>do</strong> de Chico pelos militares, desceram empunhan<strong>do</strong> suas<br />

lanternas, segui<strong>do</strong>s por mais cinco voluntários que estavam no campo de futebol, agora<br />

carregan<strong>do</strong> latões, mangueiras e carrinhos de carga. Dentre os voluntários vinha Rui, o<br />

chaveiro magricela e compri<strong>do</strong> que já tinha se engaja<strong>do</strong> na milícia montada pelo sargento<br />

e foi encontra<strong>do</strong> graças à lista organizada por Elias. Cássio explicou que o plano era<br />

encontrar veículos grandes — picapes, de preferência, que pudessem ser usadas — e<br />

salvar espaço nos caminhões para que os cavalos pudessem também ser transporta<strong>do</strong>s.

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