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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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CAPÍTULO 23<br />

Com a chave <strong>do</strong> carro abriu a porta de um Punto. Atrapalhou-se nos primeiros<br />

minutos com a embreagem e com o câmbio. Estava irritada e excitada ao mesmo tempo.<br />

Era um mun<strong>do</strong> novo, um mun<strong>do</strong> de morte, poder e vingança. Assim que desceu a<br />

avenida e alcançou a Marginal, já dirigia com tranquilidade, coisa que fazia desde os seus<br />

dezoito anos de idade. O que estava acontecen<strong>do</strong> com sua mente?, perguntava-se a<br />

vampira. Toda aquela força e poder vinda com a transformação sofrida no fun<strong>do</strong> da cova<br />

estava cobran<strong>do</strong> um preço? Estaria sua mente perden<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> seu passa<strong>do</strong> e de suas<br />

lembranças? Não queria isso. Queria lembrar. Lembrar para se vingar e lembrar para<br />

amar. Mataria o maldito que havia destruí<strong>do</strong> a sua vida, e então recuperaria o que talvez<br />

tivesse sobra<strong>do</strong> dela. Se o homem que assassinara minutos atrás lhe dissera a verdade, seus<br />

filhos ainda estariam vivos e em algum lugar no Hospital das Clínicas.<br />

Raquel buscou em sua mente a figura de Djalma Urso Branco. Traficante. Assassino<br />

de muitos. Corruptor de menores. Ele estava trancafia<strong>do</strong>. Mas não em uma prisão, ainda.<br />

Tinha aconteci<strong>do</strong> alguma coisa na noite em que ela fora capturada pelo ban<strong>do</strong> de Djalma.<br />

Ele tinha si<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong> para um Centro de Detenção Provisória em Pinheiros. Os olhos<br />

da vampira percorreram as placas da Marginal. Raquel subiu pela ponte João Dias,<br />

atravessan<strong>do</strong> para a outra margem <strong>do</strong> rio Pinheiros e toman<strong>do</strong> o rumo da Zona Oeste da<br />

cidade. Poucos carros ousavam singrar as pistas negras naquela noite. É como se as<br />

pessoas soubessem que ela e outros como ela já transitavam perigosamente pela cidade,<br />

com sede de sangue e de desgraças.<br />

Raquel alcançou os portões <strong>do</strong> Centro de Detenção Provisória quan<strong>do</strong> a madrugada já<br />

tinha entra<strong>do</strong> alta. Precisava saber se Djalma continuava ali e agir rápi<strong>do</strong>, caso o<br />

encontrasse. Parou em frente ao portão principal. Estavam fecha<strong>do</strong>s, mas ela não<br />

esperava outra coisa. Baixou os vidros, e seus olhos de cria da noite não foram impedi<strong>do</strong>s<br />

pela escuridão, ela podia ver os muros sombrios e, ao longe, as vigias. Até mesmo o CDP<br />

III estava diferente naquela noite. Pelo menos uma das guaritas em cima <strong>do</strong> muro estava<br />

desguarnecida. Na mais próxima enxergou um agente penitenciário sonolento em seu<br />

posto. Buzinou. Mais de um minuto se passou até que uma luz se acendesse na recepção e<br />

um agente surgisse. Ele ficou para<strong>do</strong> em frente à porta sem demonstrar nenhum<br />

entusiasmo com o carro ali para<strong>do</strong>. Raquel leu a placa na grade <strong>do</strong> estacionamento bem à<br />

sua frente: “Favor descer e identificar-se”.<br />

A vampira abriu a porta <strong>do</strong> carro negro e an<strong>do</strong>u até o portão.

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