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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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aos pacientes, porque não sabemos a extensão dessa contaminação nos funcionários que<br />

não voltaram aos hospitais e...<br />

— Tá bom, tá bom, <strong>do</strong>utor Elias! Qual número alcançou com os internos?<br />

— É ce<strong>do</strong> para falar, tenho me<strong>do</strong> de alarmar to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e colocar ainda mais lenha<br />

nessa fogueira que o policial aí acendeu.<br />

— Fale, pelo amor de Deus, Elias!<br />

— Doutora Suzana, contan<strong>do</strong> os pacientes que não a<strong>do</strong>rmeceram, contan<strong>do</strong> só a<br />

população que estava, vamos dizer, normal após aquela noite maldita, quase metade dela<br />

se tornou agressiva com o avançar das horas.<br />

O burburinho ganhou volume. Expressões de espanto e me<strong>do</strong> foram projetadas pela<br />

plateia.<br />

A diretora estava pálida e olhava para to<strong>do</strong>s. Deteve seus olhos nos <strong>do</strong> solda<strong>do</strong>. Se os<br />

números improvisa<strong>do</strong>s pelo colega Elias ao menos se aproximassem da verdade, os<br />

afeta<strong>do</strong>s por aquela transformação passariam <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is milhões de indivíduos, <strong>do</strong>is<br />

milhões de vampiros, de pessoas sofren<strong>do</strong> daquela demência e convertidas em assassinos<br />

potenciais. Suzana estava agora admirada com a coragem daquele sargento. Ele não era<br />

um gradua<strong>do</strong> na hierarquia da Polícia Militar apesar <strong>do</strong>s seus alega<strong>do</strong>s vinte anos de<br />

serviço. Talvez o que ele anteviu ela só apreendia agora. Havia cinco milhões de pessoas<br />

<strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, presas em suas casas, espalhadas por toda a cidade. Possivelmente mais de <strong>do</strong>is<br />

milhões daqueles seres hedion<strong>do</strong>s, assassinos. Sobrava a população “sadia” como eles ali<br />

na sala, tatean<strong>do</strong> na escuridão. Aquela proporção numérica poderia estar se repetin<strong>do</strong> em<br />

todas as cidades, nas capitais e pequenas vilas. A falta de comunicação tinha isola<strong>do</strong> as<br />

comunidades e tira<strong>do</strong> a chance de se organizar. O mun<strong>do</strong>, como era conheci<strong>do</strong>, estava<br />

acaban<strong>do</strong>.<br />

— E qual é o seu plano, sargento? Se está falan<strong>do</strong> em proteção, você tem um plano.<br />

— Tenho. Tenho um plano que, inclusive, vai deixar vocês, <strong>do</strong>utores, bem satisfeitos.<br />

— E qual é? — questionou a diretora.<br />

— Vamos remover as pessoas que estão aqui nas Clínicas para outro hospital. Fica no<br />

interior de São Paulo.<br />

A plateia voltou a ficar conturbada, cada um crian<strong>do</strong> um quadro mental <strong>do</strong> que<br />

representava aquela atitude.<br />

— A cidade é pequena, antes de Avaré. Pouco mais de duzentos quilômetros de<br />

distância daqui e tem os elementos que mais nos interessam nessa hora de crise.<br />

— Quais elementos, sargento? — perguntou Suzana. — E escutem esse homem, pelo<br />

amor de Deus!<br />

Os ânimos se controlaram por um instante. Cássio olhou para a plateia e respirou

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