19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a rir, chaman<strong>do</strong> a atenção <strong>do</strong> trio. O estranho soltou um urro, abrin<strong>do</strong> a boca e exibin<strong>do</strong><br />

dentes pontiagu<strong>do</strong>s de fera.<br />

— Saiam da minha frente!<br />

O enfermeiro e a auxiliar recuaram até a porta dupla, aterroriza<strong>do</strong>s. Francis ficou<br />

para<strong>do</strong> em sua posição, a cerca de três metros daquela coisa, guardan<strong>do</strong> a passagem.<br />

Olhou para os la<strong>do</strong>s, não procuran<strong>do</strong> as pessoas que ali estavam, precisava de alguma<br />

coisa para debelar a fera. Seus olhos bateram no suporte de um grande cartaz de<br />

convocação da Convenção Interna de Prevenção de Acidentes. Arrancou-o <strong>do</strong> suporte e<br />

retirou a haste retrátil, empunhan<strong>do</strong>-a contra a fera, como se fosse uma espada.<br />

O homem grunhiu mais uma vez e disparou para cima de Francis. O médico não<br />

pensou duas vezes, ergueu a haste e golpeou o selvagem na cabeça. Aproveitan<strong>do</strong> um<br />

segun<strong>do</strong> de ator<strong>do</strong>amento, cravou a haste no meio de seu peito, fazen<strong>do</strong>-o cambalear<br />

para trás, tromban<strong>do</strong> contra a parede.<br />

— Puta que pariu! — bra<strong>do</strong>u o enfermeiro.<br />

— Deus ama<strong>do</strong>! — gemeu a auxiliar. — Ele o matou, Bernar<strong>do</strong>.<br />

Francis manteve o punho firme na haste, soltan<strong>do</strong> um grito também selvagem. Só<br />

largou quan<strong>do</strong> as forças <strong>do</strong> estranho homem com a boca suja de sangue se esvaneceram.<br />

O médico assistiu ao homem escorregar escora<strong>do</strong> na parede, deixan<strong>do</strong> um traço de<br />

sangue mais escuro <strong>do</strong> que o normal no azulejo azul-claro. Francis se abaixou e tocou o<br />

pescoço <strong>do</strong> sujeito. Estava morto. O cheiro pestilento continuava infestan<strong>do</strong> o ambiente,<br />

tornan<strong>do</strong> praticamente impossível continuar ali. Afastou-se tapan<strong>do</strong> o nariz.<br />

— Está morto — disse com a voz fanhosa para a plateia.<br />

A auxiliar de enfermagem se limitou a fazer o sinal da cruz, enquanto o enfermeiro<br />

apenas olhava para o médico.<br />

— Esse cheiro está insuportável.<br />

— Que cheiro? — perguntou o enfermeiro.<br />

— Não está sentin<strong>do</strong>? É um cheiro aze<strong>do</strong>, horrível. Está vin<strong>do</strong> dele.<br />

— Desculpa, <strong>do</strong>utor. Não estou sentin<strong>do</strong> cheiro de nada.<br />

— Impossível. É muito forte e muito ruim.<br />

O rapaz meneou a cabeça em sinal negativo e an<strong>do</strong>u até o paciente caí<strong>do</strong>. A haste<br />

tinha atravessa<strong>do</strong> seu peito. Realmente o homem tinha restos de sangue no queixo e nas<br />

mãos. Podia mesmo ter ataca<strong>do</strong> a enfermeira Fernanda, mas aquele médico não tinha o<br />

direito de ter feito aquilo. Acocorou-se e tomou o pulso <strong>do</strong> homem. Realmente estava<br />

morto.<br />

— Você matou o paciente.<br />

— É. Eu sei.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!