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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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Cássio concor<strong>do</strong>u, e logo o ban<strong>do</strong>, acresci<strong>do</strong> de mais um, estava voltan<strong>do</strong> para o<br />

carro. Caminhan<strong>do</strong> mais calmos e atentos, perceberam que as lojas de conveniência e<br />

farmácias tinham si<strong>do</strong> saqueadas. Essa seria a tônica da cidade daquele dia em diante: sem<br />

o reabastecimento das lojas, sem o funcionamento <strong>do</strong>s bancos e <strong>do</strong>s sistemas financeiros,<br />

a população se transformaria numa horda que logo esqueceria centenas de anos de<br />

civilidade e partiria para a selvageria a fim de não morrer de fome, invadin<strong>do</strong>, saquean<strong>do</strong><br />

e matan<strong>do</strong> se fosse necessário. Territórios logo seriam demarca<strong>do</strong>s e o livre trânsito nas<br />

ruas ficaria cada vez mais perigoso. Talvez poucos tivessem se da<strong>do</strong> conta <strong>do</strong> perigo<br />

maior que se avizinhava. Em poucos dias as caixas d’água e reservatórios <strong>do</strong>s imensos<br />

prédios estariam secos, e a água potável também faltaria. Não haveria caminhões-pipa e<br />

assistência tão ce<strong>do</strong>. Ao menos não existiria socorro até que to<strong>do</strong>s enlouquecessem e fosse<br />

tarde demais.<br />

Encontraram Graziano no meio <strong>do</strong> caminho, carabina erguida, esquadrinhan<strong>do</strong> o<br />

ambiente, alerta<strong>do</strong> pelos disparos que vieram da plataforma.<br />

— Conseguimos mais um ônibus.<br />

— E aqueles tiros? O que foi que aconteceu, Cássio?<br />

— Os agressivos, estavam dentro <strong>do</strong> ônibus que encontramos. Os outros veículos<br />

estaciona<strong>do</strong>s foram queima<strong>do</strong>s.<br />

— Queima<strong>do</strong>s por quem?<br />

— Não sei, Graziano. Pode ter aconteci<strong>do</strong> qualquer coisa essa noite. Qualquer coisa.<br />

— Pode ter si<strong>do</strong> esses vampiros — juntou Rui.<br />

— Ou mesmo vandalismo da população, se as empresas cancelaram as viagens,<br />

pessoas com me<strong>do</strong> de ficar em São Paulo podem ter vandaliza<strong>do</strong> — imaginou o sargento<br />

Cássio.<br />

— Não dá pra entender porque queimariam os ônibus — disse Paulo.<br />

— Só sei de uma coisa, ainda precisamos de muitos mais e, se ficarmos aqui tentan<strong>do</strong><br />

adivinhar o que aconteceu, o dia vai passar e nada vamos fazer. Vamos seguir a ideia <strong>do</strong><br />

senhor Paulo. Vamos até a garagem da Viação Esperança ver se podem nos emprestar<br />

alguns veículos.<br />

— E esse aí, quem é?<br />

Cássio olhou para o eletricista uniformiza<strong>do</strong> e balançou a cabeça para Graziano,<br />

afastaram-se juntos em direção à entrada <strong>do</strong> terminal ro<strong>do</strong>viário, voltan<strong>do</strong> para a Land<br />

Rover alguns passos à frente <strong>do</strong> grupo.<br />

— Esse mané estava dentro <strong>do</strong> ônibus com os vampiros, tranca<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong><br />

banheiro.<br />

Graziano, indiscreto, olhou para trás e encarou por alguns instantes Lúcio, que, ao

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