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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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porta <strong>do</strong> seu escritório, era hora de agir, e não de pensar. Da<strong>do</strong> o volume de pessoas, era<br />

hora de começar a locomover pacientes e acompanhantes para uma área ampla onde<br />

pudessem aguardar ordeiramente a chegada <strong>do</strong>s veículos. O primeiro lugar que lhe veio à<br />

mente foi o campo de futebol <strong>do</strong> departamento esportivo da Faculdade de Medicina da<br />

USP. A área ligava a rua das Clínicas com a rua de trás, por onde os veículos poderiam<br />

entrar e ser carrega<strong>do</strong>s com as pessoas. Depois tomariam o rumo da avenida Rebouças e<br />

desceriam até a Marginal Pinheiros, ou <strong>do</strong>brariam à direita na Oscar Freire, subin<strong>do</strong> pela<br />

Teo<strong>do</strong>ro Sampaio e ganhan<strong>do</strong> caminho até a Marginal Tietê. Suzana pegou-se sorrin<strong>do</strong><br />

ao perceber que estava preocupada com as mãos das ruas logo na saída <strong>do</strong> campo de<br />

futebol. Era uma preocupação desnecessária, uma vez que os carros tinham desapareci<strong>do</strong><br />

das ruas de São Paulo. A cidade, vazia de carros e quase deserta de pessoas, a fazia<br />

concordar cada vez mais com Cássio. É possível que muitas famílias, muitas pessoas<br />

estivessem toman<strong>do</strong> a mesma decisão. Mesmo que sem pensar e se municiar de<br />

argumentos como o policial tinha feito, talvez movidas pelo sempre subestima<strong>do</strong> instinto<br />

de sobrevivência, partiam <strong>do</strong> aglomera<strong>do</strong> de casas e escritórios, buscan<strong>do</strong> zonas menos<br />

povoadas. Como tinha solicita<strong>do</strong> durante a breve visita <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Elias, os nove<br />

seguranças que tinham permaneci<strong>do</strong> no complexo estavam no saguão de entrada <strong>do</strong>s<br />

ambulatórios. Suzana conhecia muito bem <strong>do</strong>is deles; apesar de to<strong>do</strong>s serem<br />

terceiriza<strong>do</strong>s, eram velhos de casa e, como ela, possivelmente conheciam cada cantinho<br />

daqueles hospitais. O grupo de seguranças era composto de sete homens e duas mulheres,<br />

que, apesar da confusão toda, mantinham seus uniformes negros e um semblante de<br />

quem estava disposto a ajudar.<br />

— O Elias falou com vocês?<br />

— Falou, sim, <strong>do</strong>utora — respondeu uma das seguranças. — Disse que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

vai ser leva<strong>do</strong> daqui.<br />

— Exatamente. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> será leva<strong>do</strong>, e vamos fazer essa mudança hoje.<br />

— Estamos aqui para ajudar, <strong>do</strong>utora — disse o mais alto <strong>do</strong>s seguranças, um senhor<br />

de cinquenta anos, aproximadamente.<br />

— O seu nome?<br />

— É Renato, <strong>do</strong>utora.<br />

— Pois bem, se estão aqui para ajudar, então mãos à obra. São mais de mil e<br />

quinhentas pessoas para levarmos daqui. Alguns devem desistir, outros não, mas temos<br />

que estar prontos para levar to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

— O que podemos fazer? — tornou a mulher.<br />

Suzana leu o nome de Vanda no crachá da funcionária e continuou.<br />

— Vanda, o <strong>do</strong>utor Elias está juntan<strong>do</strong> os números de tu<strong>do</strong> o que precisamos saber.

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