19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CAPÍTULO 42<br />

Cássio abriu a porta <strong>do</strong> auditório, trazen<strong>do</strong> seu capacete debaixo <strong>do</strong> braço. A junta de<br />

médicos convoca<strong>do</strong>s para a assembleia de última hora estava exaltada. O sargento viu o<br />

solda<strong>do</strong> Benício junto aos médicos que estavam de pé na frente <strong>do</strong> auditório. Benício<br />

tinha si<strong>do</strong> feri<strong>do</strong> no combate <strong>do</strong> anoitecer e tinha gesso no braço e uma tala. Ficou<br />

contente ao perceber que ao menos um <strong>do</strong>s amigos <strong>do</strong> destacamento tinha sobrevivi<strong>do</strong>.<br />

Cássio, secunda<strong>do</strong> por Mallory, adentrou o recinto e caminhou até o grupo que discutia<br />

em voz alta. As coisas estavam fugin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trilhos da diretora <strong>do</strong> HC. Pareciam não<br />

entrar em acor<strong>do</strong> sobre em qual prédio deveriam agrupar as pessoas que ainda estavam<br />

no hospital e seus parentes. Alguns diziam que não havia mais condições de se manterem<br />

ali com segurança e que deveriam dispersar todas as pessoas, cada um procuran<strong>do</strong> se<br />

proteger da melhor forma possível antes <strong>do</strong> cair da noite. Outros diziam que tinham que<br />

entrar em contato com o Exército, buscar proteção armada. A diretora pedia calma.<br />

Lembrava da fragilidade da maioria <strong>do</strong>s pacientes que permaneciam interna<strong>do</strong>s e pediu<br />

que os médicos se mantivessem em seus postos, face àquela situação tão singular que<br />

enfrentavam. Suzana Bartes disse que tinha encarrega<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s assistentes sociais de ir<br />

até um batalhão da PM pedir reforços para os portões. Uma gritaria desordenada<br />

recomeçou. Muitos lembran<strong>do</strong> o fim trágico <strong>do</strong> Destacamento de Polícia Montada em<br />

frente à portaria <strong>do</strong>s ambulatórios. Foi nesse instante que Cássio levantou a voz e se<br />

tornou o foco das atenções.<br />

— Meu nome é Cássio Porto. Eu sou sargento <strong>do</strong> batalhão de cavalaria há quase vinte<br />

anos. Aqueles homens que morreram na frente <strong>do</strong> hospital noite passada eram ótimos<br />

solda<strong>do</strong>s. Experientes no combate a grupos desordeiros, manifestantes e combate de<br />

choque.<br />

O grupo ficou de olhos gruda<strong>do</strong>s no sargento, que subiu ao palco e parou ao la<strong>do</strong> da<br />

diretora.<br />

— Minha irmã está desaparecida com meus sobrinhos, que foram apanha<strong>do</strong>s por esse<br />

sono misterioso. — Sua voz ressoava, e agora todas as facções permaneciam caladas. —<br />

Meus colegas pereceram ontem à noite porque foram apanha<strong>do</strong>s de surpresa. Foram<br />

cerca<strong>do</strong>s por essas criaturas que estou chaman<strong>do</strong> de vampiros.<br />

Um murmurinho percorreu o grupo.<br />

— O que estou ven<strong>do</strong> aqui dentro deste auditório deve estar acontecen<strong>do</strong> em vários<br />

lugares ao mesmo tempo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!