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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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estavam lá. Podia sentir. Os passos foram aceleran<strong>do</strong> conforme se aproximava <strong>do</strong> ginásio.<br />

Raquel olhou para o outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> estacionamento. Um grande hospital se erguia em<br />

paredes brancas e vidraças quebradas. Era óbvio o que tinha aconteci<strong>do</strong>. Na noite<br />

anterior os vampiros invadiram o hospital, e nesta noite os humanos procuravam se<br />

abrigar ali, naquele ginásio. A parte da frente era guarnecida por grades altas, que seriam<br />

facilmente vencidas. Raquel viu dezenas de vampiros atira<strong>do</strong>s na segunda grade sobre a<br />

escada, que impedia a passagem das criaturas. Alguns deles estavam caí<strong>do</strong>s, enquanto<br />

outros rugiam, ferinos, desafian<strong>do</strong> as pessoas que guardavam a passagem. Ao que parecia<br />

ali era o lugar mais frágil para se conseguir adentrar o ginásio. Raquel contornou o<br />

prédio, sempre seguida pela dupla que tinha se junta<strong>do</strong> a ela. Procurava por acessos que<br />

em geral não eram considera<strong>do</strong>s por aqueles habitua<strong>do</strong>s ao mais fácil. Logo no início da<br />

lateral <strong>do</strong> prédio encontrou uma mureta em arco que se ligava ao telha<strong>do</strong> <strong>do</strong> ginásio,<br />

completan<strong>do</strong> a parábola. Essa arquitetura se repetia ao menos mais cinco vezes ao longo<br />

da lateral <strong>do</strong> prédio. Raquel foi até o meio e subiu através da mureta, com facilidade,<br />

<strong>do</strong>na de um equilíbrio espetacular, alcançan<strong>do</strong> o telha<strong>do</strong> metálico. Seus pés estalavam<br />

contra as folhas de zinco, e então ela desejou não fazer barulho para caçar de forma mais<br />

apropriada. Como num passe de mágica, seus passos pareciam pluma, sem produzir um<br />

ruí<strong>do</strong> sequer sobre as folhas metálicas, como se ela não tivesse peso algum. Desajeita<strong>do</strong>s,<br />

Jessé e Ludmyla seguiam a vampira, com menos equilíbrio, menos graça e discrição.<br />

Raquel galgou até o topo <strong>do</strong> ginásio, onde o vento batia forte contra seus cabelos<br />

longos, agitan<strong>do</strong>-os para o la<strong>do</strong>. O que ela queria estava lá. Entradas de ar. Arqueou o<br />

corpo e, sem dificuldade, estava num emaranha<strong>do</strong> de treliças de metal que davam<br />

sustentação ao imenso telha<strong>do</strong>. Havia um forro de teci<strong>do</strong> que a manteve encoberta, e<br />

então ela pôde passar a assistir à agitação <strong>do</strong>s humanos que tentavam vencer a noite e<br />

sobreviver. Ela viu um grupo de ao menos vinte homens junto às grades frontais, lutan<strong>do</strong><br />

com os vampiros que tentavam saltar para dentro <strong>do</strong> ginásio, valen<strong>do</strong>-se de lanças<br />

improvisadas, facas e, ao menos um deles, com jaleco branco, de pistola na mão. Raquel<br />

ficou analisan<strong>do</strong> o grupo na arquibancada. Era um grupo grande, coisa de duzentas<br />

pessoas, eram a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s e enfermos e, por certo, um bom número de parentes deles<br />

dispostos a lutar para que eles não fossem bebi<strong>do</strong>s. Era uma massa de pessoas concentrada<br />

em uma parte só, forman<strong>do</strong> um grupo, uma torcida de um time qualquer. Quem tinha<br />

feito aquilo tinha si<strong>do</strong> esperto. Se os vampiros quisessem aqueles <strong>do</strong>entes e aqueles<br />

a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s teriam que ir para um lugar apenas, a luta ficaria concentrada. Se as pessoas<br />

estivessem esparramadas por aquele espaço imenso, dariam sopa para o azar.<br />

Treinamento militar. Alguém ali embaixo tinha recebi<strong>do</strong> treinamento como ela. Ela,<br />

para sobreviver aos traficantes. Agora o treinamento a tinha torna<strong>do</strong> uma arma mortal,

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