19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Olha, eu sou mãe de <strong>do</strong>is meninos igual ela, mas não sei se isso vai funcionar, não.<br />

Chiara sorriu e escondeu o bilhete dentro da fronha <strong>do</strong> travesseiro.<br />

— A senhora nunca sentiu o cheiro dele, tia. Acredita em mim. Vai dar certo.<br />

As duas deixaram a casa e voltaram caminhan<strong>do</strong> lentamente até o carro,<br />

introspectivas, olhan<strong>do</strong> o entorno e tentan<strong>do</strong> adivinhar o que acontecia atrás da fachada<br />

de cada casa. Chiara estranhou o pouco movimento no con<strong>do</strong>mínio, via um vizinho ou<br />

outro na janela. Marcas de freadas de pneu no asfalto rememoran<strong>do</strong> a noite em que<br />

fugiram dali.<br />

Quan<strong>do</strong> chegavam ao carro, Chiara abriu um sorriso ao ver a amiga Jéssica parada<br />

em frente à sua casa e disparou corren<strong>do</strong> para se jogar em um abraço na amiga.<br />

— Jéss!<br />

Jéssica retribuiu o abraço efusivo.<br />

— Que bom que você voltou, amiga!<br />

— Eu vim ver se a <strong>do</strong>na Raquel tava aí.<br />

— Nem tá, né?<br />

— Nem.<br />

— Ontem eu vim umas quatro vezes aqui. Quan<strong>do</strong> anoiteceu eu não podia sair mais.<br />

— Putz, nem sei o que fazer. Deixei um bilhete pra ela e vou esperar ela aparecer.<br />

— Meu, você precisa tomar cuida<strong>do</strong>. Minha mãe surtou, Chiara.<br />

— Que aconteceu?<br />

— Meu pai tá apaga<strong>do</strong>, <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, e não acorda. E você sabe como minha mãe é<br />

cagona. Ela leu aquele bilhete que caiu <strong>do</strong> alto para não sair de casa nem levar ninguém<br />

<strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> para o hospital. Ela queria ir pra casa <strong>do</strong> meu tio, mas embaçou tanto pra<br />

tomar coragem pra sair que ficou tarde, e ela ficou com me<strong>do</strong> de não voltar antes de o<br />

sol se pôr. Daí que a gente ficou trancada no quarto dela com o meu pai, e de noite<br />

ouvimos uns barulhos sinistros dentro de casa.<br />

Chiara levou a mão à boca.<br />

— Jura?<br />

— Entraram em casa, Chiara, bateram na porta. Minha mãe quase desmaiou de<br />

me<strong>do</strong>. Mó zica.<br />

— E aí?<br />

— Aí que a gente ouviu gritos no con<strong>do</strong>mínio a noite inteira. Ouvimos tiro e tu<strong>do</strong>. A<br />

coisa tá feia. Você precisa sair daquele hospital e ficar num lugar seguro, amiga. Vem<br />

ficar aqui com a gente.<br />

As duas conversavam seguran<strong>do</strong> as mãos uma da outra. Corina aproximou-se,<br />

ouvin<strong>do</strong> o depoimento aflito.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!