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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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Num susto e estremecen<strong>do</strong>, o homem obedeceu.<br />

— Só vou pedir mais uma vez, senhor. Venha para a frente.<br />

— Eu não posso! Não posso! — gritou o homem de volta, olhan<strong>do</strong> para os corpos<br />

caí<strong>do</strong>s, fumegantes.<br />

Cássio pousou o de<strong>do</strong> suavemente no gatilho. Se aquele homem não se mexesse teria<br />

que atirar bem no meio de seus olhos.<br />

— Você vai me matar, não faça isso. Eu não posso, pelo amor de Deus — suplicou o<br />

homem, cain<strong>do</strong> de joelhos.<br />

O policial acompanhou o movimento <strong>do</strong> homem, manten<strong>do</strong> a pistola apontada para<br />

a testa daquele inespera<strong>do</strong> personagem.<br />

— Você vai me matar, eu sei. Eu sei...<br />

Cássio fez um sinal com a cabeça. Foi Paulo quem entendeu e tomou à frente,<br />

puxan<strong>do</strong> o homem pelo braço, fazen<strong>do</strong>-o rastejar de joelhos até a luz <strong>do</strong> sol. Aquele<br />

hiato de suspense chegou ao clímax, e então os homens puderam soltar o ar <strong>do</strong>s pulmões<br />

quan<strong>do</strong> a pele <strong>do</strong> sujeito não começou a fumegar.<br />

— Levante-se — ordenou Cássio, observan<strong>do</strong> o uniforme <strong>do</strong> homem.<br />

— Eu subi para São José <strong>do</strong>s Campos, terminei um trabalho e estava voltan<strong>do</strong> para<br />

casa.<br />

— O que o senhor faz da vida?<br />

— Eu sou eletricista.<br />

— Está saben<strong>do</strong> o porquê de eu ter lhe aponta<strong>do</strong> minha arma?<br />

— Eu-eu imagino que seja por causa dessas mortes. Eu ouvi os gritos. Ouvi choro. O<br />

motorista estava encostan<strong>do</strong> aqui na ro<strong>do</strong>viária quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> isso começou, senhor.<br />

— E quan<strong>do</strong> começou? — perguntou Paulo. — Foi de madrugada?<br />

Os olhos arregala<strong>do</strong>s <strong>do</strong> homem foram para o inquiri<strong>do</strong>r.<br />

— Não. Não. Nada disso. Aconteceu assim que anoiteceu. Tinha gente passan<strong>do</strong> mal,<br />

o motorista já tinha feito duas paradas a mais na beira da estrada por causa dessa gente<br />

que se debatia. Mas não conseguia ligar para a empresa. Ontem os telefones estavam<br />

quebra<strong>do</strong>s.<br />

— Ainda estão — juntou Rui.<br />

— Eu sei. Eu fiquei tentan<strong>do</strong> ligar para a polícia a madrugada toda, até minha bateria<br />

acabar. Não tinha sinal.<br />

— Venha, nos acompanhe — disse Cássio. — Qual é o seu nome?<br />

— Lúcio, senhor. Meu nome é Lúcio.<br />

Tinha algo naquele homem de que Cássio não gostava. Era o tipo <strong>do</strong>s olhos.<br />

Conhecia aqueles olhos esgazea<strong>do</strong>s, que fugiam quan<strong>do</strong> eram encara<strong>do</strong>s. O me<strong>do</strong> de se

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