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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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alarmada.<br />

Francis, confuso e constrangi<strong>do</strong>, apertou o volante e olhou para a mulher.<br />

— Eu pensei que você tinha a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> também.<br />

— Sim, eu estava cochilan<strong>do</strong>.<br />

— Pensei que você tinha <strong>do</strong>rmi<strong>do</strong>, como eles.<br />

Um carro passou na ro<strong>do</strong>via sem reduzir a velocidade. Corina olhou para os olhos<br />

visivelmente cansa<strong>do</strong>s de Francis e depois olhou para trás, para seus filhos e seu mari<strong>do</strong>.<br />

Duas lágrimas desceram em seu rosto.<br />

— Eles vão ficar bem, não é?<br />

Francis apertou o volante mais uma vez, agora nervoso. Abriu a porta <strong>do</strong> veículo e<br />

saiu para o ar da noite. O cheiro a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong> tinha desapareci<strong>do</strong> por completo. Sua<br />

memória olfativa tinha si<strong>do</strong> bombardeada por <strong>do</strong>is o<strong>do</strong>res, primeiro o perfume e depois<br />

o fe<strong>do</strong>r <strong>do</strong> paciente morto no hospital. Pensava naquele homem transtorna<strong>do</strong> quan<strong>do</strong><br />

olhou para os familiares da mulher. Voltou para o carro e tomou seu assento.<br />

— Eles vão ficar bem, Corina. Mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde irão acordar, assim, de uma<br />

hora para a outra, como se nada tivesse aconteci<strong>do</strong>. É nisso que acredito. Só fiquei com<br />

me<strong>do</strong> de você ter <strong>do</strong>rmi<strong>do</strong> também. Estou com um sono lasca<strong>do</strong>, minha viagem ia ficar<br />

muito mais chata.<br />

Corina soluçou alto dessa vez e abraçou Francis, que não se afastou e afagou as costas<br />

da mulher.<br />

— Se você acha que eles vão ficar bem, por que ficou com me<strong>do</strong>, então?<br />

Francis franziu o cenho num esgar queren<strong>do</strong> sorrir, mas não conseguiu. Afastou a<br />

mulher e encarou seus olhos.<br />

— Eu tive me<strong>do</strong>, só isso. As coisas ficaram pra lá de estranhas nesta madrugada. Eu<br />

sei que cada uma das pessoas que <strong>do</strong>rmiu vai acordar, mas não sei dizer como nem<br />

quan<strong>do</strong>. Eu estou sem pregar os olhos sei lá desde quan<strong>do</strong>, provavelmente vou começar a<br />

ter alucinações já, já.<br />

— Quer que eu dirija? Sinceramente, acho que pior <strong>do</strong> que está não pode ficar.<br />

— Eu recusaria sua oferta, mas já estou passan<strong>do</strong> mal de tanto sono, de tanto cansaço.<br />

Seria burrice eu continuar guian<strong>do</strong>.<br />

— Melhor eu dirigir, então.<br />

— Mas eu não quero <strong>do</strong>rmir. Não vou <strong>do</strong>rmir. Tenho uma sensação ruim dentro de<br />

mim.<br />

— Bem, eu estava <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, e nada aconteceu. Esse surto, ou sei lá como vão<br />

chamar essa <strong>do</strong>ença, deve ser passageiro.<br />

Francis tamborilou no volante por alguns segun<strong>do</strong>s.

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