19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

superior; os caninos estavam deslizan<strong>do</strong>, alongan<strong>do</strong>-se, preparan<strong>do</strong>-se para o ataque.<br />

— Eu mesmo tô com um me<strong>do</strong> dana<strong>do</strong> de ficar sozinho essa noite aqui na guarita.<br />

Tão dizen<strong>do</strong> que tá cheio de <strong>do</strong>i<strong>do</strong> nas ruas pulan<strong>do</strong> em cima <strong>do</strong>s outros. Vocês já<br />

ouviram falar disso?<br />

— Eu ouvi — disparou Ludmyla. — Ouvi dizer que esses <strong>do</strong>i<strong>do</strong>s querem o sangue<br />

<strong>do</strong>s outros. Uma amiga minha da faculdade foi atacada ontem na praça de alimentação.<br />

Até suspenderam as aulas por causa disso. Não sei o que essa gente tem na cabeça, seu<br />

Marco.<br />

— É isso mesmo que eu ouvi, menina. Cre<strong>do</strong> em cruz! Por que diacho alguém ia<br />

querer o sangue da gente?<br />

— Porque é gostoso, seu Marco. Dizem que é muito gostoso — falou a garota,<br />

passan<strong>do</strong> a mão no braço <strong>do</strong> porteiro e a língua suavemente sobre seus dentes<br />

pontiagu<strong>do</strong>s.<br />

— Cre<strong>do</strong> em cruz, menina! Isso deve ser uma perturbação <strong>do</strong> inimigo! — queixou-se<br />

o porteiro, apontan<strong>do</strong> para o chão. — O tinhoso em pessoa deve ter feito isso com o<br />

mun<strong>do</strong>. É o fim <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Escutem o que estou dizen<strong>do</strong>.<br />

Jessé olhou para os la<strong>do</strong>s. Tu<strong>do</strong> vazio. Podia acabar com o porteiro agora mesmo,<br />

num estalar de de<strong>do</strong>s. Fecharia sua mão na traqueia <strong>do</strong> homem. Era só esmagar, com<br />

determinação. Ele não teria como respirar. Em segun<strong>do</strong>s estaria rastejan<strong>do</strong> na frente <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is. Com Ludmyla <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> a drenar to<strong>do</strong> aquele sangue quente e vivo levaria um<br />

minuto. Era só tapar a boca dele, e ninguém escutaria nada. Só de pensar em atacar o<br />

coita<strong>do</strong> seus olhos tinham feito a mágica mais uma vez. Estava enxergan<strong>do</strong> o entorno<br />

claro como dia, com o benefício de que quem passasse <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da calçada não<br />

conseguiria enxergar um palmo diante <strong>do</strong> nariz.<br />

— O que é isso no seu olho? — perguntou o zela<strong>do</strong>r.<br />

— Do que o senhor tá falan<strong>do</strong>, seu Marco?<br />

— Ele ficou vermelho, Jessé. Ficou vermelho — repetiu o homem, assusta<strong>do</strong>.<br />

— Eu não sei <strong>do</strong> que o senhor está falan<strong>do</strong> — redarguiu enquanto a noite voltava a<br />

ficar escura. A lua em seu quarto minguante estava parcialmente encoberta por algumas<br />

nuvens. Ia ser rápi<strong>do</strong>. Bem rápi<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> olhou para Ludmyla, ela tinha as presas à<br />

mostra. O porteiro só não tinha enxerga<strong>do</strong> ainda aquelas magníficas peçonhas por conta<br />

da escuridão, mesmo assim ele tremia assusta<strong>do</strong> com o que tinha visto em seus olhos. Se<br />

fosse atacar tinha que ser agora, enquanto a vítima estava aparvalhada. Seu fluxo de<br />

pensamentos foi corta<strong>do</strong> por um puxão repentino da garota.<br />

— Vamos. Temos que ir agora. Até mais, seu Marco. Cuide-se e se feche aí na<br />

guarita, porque a noite vai ser longa e só quem tem coisa ruim na cabeça vai ficar

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!