19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sua boca e sua cabeça contra a parede metálica <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r. Então, a outra mão da<br />

morta-viva foi até seu pescoço e apertou-o com tanta força que Gladson começou a se<br />

debater ao ser eleva<strong>do</strong>. A morta aproximou-se de seu pescoço com a boca aberta e,<br />

então, cravou-lhe os dentes na jugular.<br />

— Ela não está morta! Está atacan<strong>do</strong> ele! — gritou Rubens.<br />

— Ela estava morta. Ficamos a tarde toda com ela.<br />

— Largue ele! — gritou Rubens, aproximan<strong>do</strong>-se mais <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r.<br />

A fresta aberta permitiu que ele enxergasse o que se passava no interior <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r.<br />

A mulher era uma das agressivas. Ela tinha mordi<strong>do</strong> Gladson, que não se debatia mais.<br />

Ouvin<strong>do</strong> os pedi<strong>do</strong>s de Rubens, que gritava pela fresta, a ex-defunta tirou a boca <strong>do</strong><br />

pescoço <strong>do</strong> auxiliar e o encarou. Rubens sentiu sua nuca gelar. A mulher tinha sangue<br />

escorren<strong>do</strong> pelos cantos da boca enquanto jatos <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> vivo esguichavam da ferida<br />

aberta na artéria.<br />

— Largue ele! — vociferou novamente o técnico de enfermagem.<br />

Mallory tinha perdi<strong>do</strong> as forças e caí<strong>do</strong> de joelhos, também ven<strong>do</strong> aquela cena<br />

monstruosa.<br />

Como se eles não estivessem ali, a criatura soltou o corpo imóvel de Gladson no<br />

pavimento <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r e curvou-se sobre ele, toman<strong>do</strong> seu sangue.<br />

— Precisamos pedir ajuda — gemeu Mallory.<br />

— Para quem? Ela está matan<strong>do</strong> ele.<br />

— Precisamos pedir ajuda — repetiu Mallory.<br />

Rubens levantou a mulher e foi afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r, pé ante pé, caminhan<strong>do</strong> de<br />

costas, sem tirar os olhos da fresta. Aquilo que devorava o pobre rapaz não era uma<br />

pessoa. Era um monstro. Conforme se afastavam <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r, ficava mais escuro, o sol<br />

tinha termina<strong>do</strong> seu mergulho no horizonte e a luz residual no firmamento era mínima.<br />

Tinham que sair dali. Passaram por uma janela aberta e ouviram gritos vin<strong>do</strong>s de fora.<br />

Mallory olhou através <strong>do</strong> vidro e viu uma multidão de pessoas corren<strong>do</strong> de dentro <strong>do</strong><br />

prédio de ambulatórios <strong>do</strong> HC e toman<strong>do</strong> as ruas, protegen<strong>do</strong>-se atrás <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s de<br />

cavalaria.<br />

Rubens apertou o ombro da mulher, não sabia se confortava ou se buscava conforto.<br />

A imagem da criatura sanguinária no eleva<strong>do</strong>r ainda estava gravada na sua retina. Deu<br />

mais um passo para trás quan<strong>do</strong> ouviu um rosna<strong>do</strong> baixo.<br />

Viraram-se ao mesmo tempo em direção ao final <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r. Na escuridão nada<br />

puderam ver. A luz de emergência estava depois da esquina, projetan<strong>do</strong> uma sombra<br />

suave de alguém se moven<strong>do</strong>. O som <strong>do</strong> rosna<strong>do</strong> se repetiu, deixan<strong>do</strong>-os congela<strong>do</strong>s de<br />

pavor. Fosse quem fosse, não era <strong>do</strong> bem. Era um deles, um <strong>do</strong>s agressivos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!