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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— O hospital fica próximo à represa de Paranapanema. Teremos água. E, se este<br />

inferno se prolongar, devemos plantar o que comer.<br />

— Plantar? — O médico baixou a cabeça e riu de novo. — Estamos viven<strong>do</strong> o quê?<br />

O fim <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>?<br />

— Não penso em fim, <strong>do</strong>utor. Penso em transformação. Talvez tenha chega<strong>do</strong> essa<br />

hora.<br />

Uma senhora aproximou-se <strong>do</strong> médico e da <strong>do</strong>utora.<br />

— Doutor Tarso...<br />

— Sim, Corina.<br />

— Está anoitecen<strong>do</strong>, senhor. Pediu que eu lhe avisasse quan<strong>do</strong> ficasse escuro.<br />

— Sim. Obriga<strong>do</strong>, Corina.<br />

— É só isso? Não quer fechar os portões? Aqueles vampiros amarra<strong>do</strong>s no hospital,<br />

eles podem se soltar e vir direto para cá.<br />

— Não se preocupe com isso, Corina.<br />

— Mas o senhor pediu para eu avisar, por isso eu vim até aqui.<br />

— Já entendi. Não precisa mais se preocupar com os vampiros <strong>do</strong> hospital. Segun<strong>do</strong><br />

nossos visitantes, existem muitos mais por aí.<br />

Corina olhou para Suzana e para o solda<strong>do</strong> por um breve instante.<br />

— Precisamos fechar o ginásio agora, <strong>do</strong>utora — disse o médico, desanima<strong>do</strong>,<br />

levantan<strong>do</strong>-se.<br />

— Nós também precisamos sair daqui, <strong>do</strong>utora. Nosso tempo está se esgotan<strong>do</strong> —<br />

alertou o solda<strong>do</strong>.<br />

— Antes da senhora ir, preciso de um favor.<br />

— Diga, <strong>do</strong>utor Tarso.<br />

— Tenho um paciente traumatiza<strong>do</strong>, ele deveria estar com morte encefálica uma<br />

hora dessas, mas não sei o que o está manten<strong>do</strong> vivo, sinceramente não sei. Sou<br />

neurocirurgião e eu mesmo o operei quan<strong>do</strong> chegou balea<strong>do</strong>.<br />

— Em que posso ajudar? Não é minha especialidade...<br />

— Leve-o com a senhora. Leve-o para o Hospital Geral de São Vítor.<br />

Suzana pareceu vacilante, olhan<strong>do</strong> para Ikeda, que balançou a cabeça negativamente.<br />

— Se ele ficar aqui não terá chance alguma.<br />

— Mas qual é o seu esta<strong>do</strong>, ele pode ser transferi<strong>do</strong>?<br />

— Doutora, ele não pode é ficar aqui. Já o retirei <strong>do</strong> hospital, ele está em uma UTI<br />

móvel para continuar monitoran<strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> aqui dentro <strong>do</strong> ginásio. A ambulância tem<br />

combustível. Eu iria transferi-lo essa manhã, mas não temos contato com nenhum<br />

hospital. Está tu<strong>do</strong> um caos. Ele precisa de melhores recursos, mas para onde posso levá-

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