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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Tá conseguin<strong>do</strong> falar com o Copom, Marcelo?<br />

— Já faz uns <strong>do</strong>is minutos que não respondem. Deve ter caí<strong>do</strong> a central lá.<br />

— Quan<strong>do</strong> conseguir contato, peça mais <strong>do</strong>is caminhões-tanque e pessoal pro resgate,<br />

vamos ter que evacuar o prédio ao la<strong>do</strong>.<br />

Douglas olhou para a frente <strong>do</strong> galpão, os companheiros ainda lançavam água na<br />

parte dianteira da edificação para terem acesso ao interior. Ao la<strong>do</strong> das duas primeiras<br />

ambulâncias havia uma viatura da Defesa Civil encostan<strong>do</strong>.<br />

Populares correram até o caminhão de Douglas e relataram que durante a noite ficava<br />

apenas um vigia no galpão e que o homem tinha consegui<strong>do</strong> sair. Fora ele mesmo quem<br />

tinha telefona<strong>do</strong> para a emergência. Um pouco mais tranquilo com a informação de que<br />

no galpão poderia não haver vítima alguma, ainda faltava a questão iminente <strong>do</strong>s prédios<br />

vizinhos. Pensava nisso quan<strong>do</strong> Fred, da Defesa Civil, se aproximou, como que<br />

adivinhan<strong>do</strong> os pensamentos <strong>do</strong> bombeiro.<br />

— Vamos evacuar os prédios vizinhos?<br />

— É. Acho melhor não perdermos tempo e começarmos a evacuação, Fred. Esse<br />

depósito está produzin<strong>do</strong> muita fumaça, e quan<strong>do</strong> metermos água lá dentro vai subir<br />

mais fumaça ainda.<br />

Mal terminou a frase, uma explosão rouca ecoou pela rua, estouran<strong>do</strong> os vidros de<br />

circulação de ar da frente <strong>do</strong> galpão. Os pequenos estilhaços voaram da parte alta da<br />

fachada, provocan<strong>do</strong> gritaria e corre-corre entre os populares que teimavam em se<br />

aproximar. Uma coluna de fumaça preta tomou o céu, sobrepon<strong>do</strong>-se à fumaça branca;<br />

uma onda de calor se esparramou pela frente <strong>do</strong> prédio. O jato d’água voltou para a<br />

parede e para as portas metálicas <strong>do</strong> galpão, enquanto Douglas reunia seus melhores<br />

homens para adentrarem a fornalha.<br />

Os bombeiros — com as máscaras de proteção cobrin<strong>do</strong> seus rostos, recebiam<br />

oxigênio — foram ganhan<strong>do</strong> metro a metro o galpão. As chamas mais altas subiam pelas<br />

laterais, onde havia mais material combustível. Eram prateleiras altas, cheias de caixas e<br />

merca<strong>do</strong>rias. As labaredas vinham para o meio <strong>do</strong> galpão, provavelmente alimentadas por<br />

uma corrente de ar que lhes trazia mais oxigênio. Seis bombeiros tomaram o corre<strong>do</strong>r<br />

central, carregan<strong>do</strong> duas mangueiras atreladas ao caminhão-tanque. Boris e Douglas<br />

entraram muni<strong>do</strong>s de macha<strong>do</strong>s e iam avançan<strong>do</strong> e inspecionan<strong>do</strong>. Diversas vezes<br />

tocavam o botão <strong>do</strong> rádio, esquecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> defeito que persistia em to<strong>do</strong> o equipamento<br />

de comunicação. Precisavam avançar lentamente e se comunicar através de sinais. A água<br />

ia se esparraman<strong>do</strong> pelo piso, se transforman<strong>do</strong> numa lama negra e escorregadia;<br />

precisavam cravar as botas no chão a cada novo passo. Os macha<strong>do</strong>s iam destruin<strong>do</strong> parte

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