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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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hospital.<br />

— Nossa, Everal<strong>do</strong>! O que aconteceu aqui em Foz?<br />

— Não sei, Dolores. Essa gente toda desacordada. Tá me dan<strong>do</strong> uma aflição danada.<br />

Eu não falei com a Isis achan<strong>do</strong> que ela estava <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> normal... E se ela estiver assim?<br />

Desmaiada? Preciso voltar.<br />

Dolores segurou a mão de Everal<strong>do</strong>.<br />

— Agora, não. Agora estamos aqui. Só me leva até a enfermaria. Eu tô morren<strong>do</strong> de<br />

me<strong>do</strong>.<br />

— Seu pai não está morto, Dolores. Não está morto porque está num hospital.<br />

Minha esposa pode estar precisan<strong>do</strong> de ajuda.<br />

— Vem comigo, por favor?<br />

— Eu não posso.<br />

— Vou ter um treco se eu ficar sozinha.<br />

Everal<strong>do</strong> bufou e apontou a escada para a mulher, e voltaram a caminhar. Chegaram<br />

ao terceiro andar e dirigiram-se à enfermaria indicada na recepção. Ali o vaivém de<br />

funcionários também era frenético. No balcão da enfermaria não havia ninguém.<br />

Everal<strong>do</strong> e a filha aflita saíram procuran<strong>do</strong> Medeiros de quarto em quarto. Em oito<br />

leitos encontraram pessoas a<strong>do</strong>rmecidas, veladas por parentes que choramingavam por<br />

conta da falta de informação. No sexto quarto encontraram o pai de Dolores. Páli<strong>do</strong> e<br />

imóvel. A filha entrou já com lágrimas descen<strong>do</strong> pelo rosto, enquanto os acompanhantes<br />

de uma senhora que também estava imóvel na cama davam passagem.<br />

— Paizinho... — gemeu Dolores.<br />

Everal<strong>do</strong>, que não gostava de gente aglomerada, ficou ali, no corre<strong>do</strong>r, olhan<strong>do</strong> pela<br />

porta. A angústia represada em suas veias aumentava, fazen<strong>do</strong> uma pressão no peito. Será<br />

que ele ia sair dessa? Será que todas aquelas pessoas acabariam mortas até o fim <strong>do</strong> dia?<br />

Os gemi<strong>do</strong>s de Dolores tinha se transforma<strong>do</strong> num choro desbraga<strong>do</strong> e triste. As pessoas<br />

<strong>do</strong> leito ao la<strong>do</strong> ficaram caladas, olhan<strong>do</strong> para a mulher. Uma moça de uns vinte e <strong>do</strong>is<br />

anos abraçou Dolores, que continuou choran<strong>do</strong>.<br />

— Um médico passou aqui mais ce<strong>do</strong>. Disse que, apesar de eles estarem assim, estão<br />

controla<strong>do</strong>s.<br />

Dolores levantou a cabeça e secou as lágrimas com as mãos.<br />

— O médico falou que pode ser narcolepsia — continuou a moça. — Algumas<br />

pessoas sofrem desse problema.<br />

— Mas até agora não explicou o que aconteceu com o meu pai — emen<strong>do</strong>u um rapaz<br />

que estava ao la<strong>do</strong>. — E não sabe por que tanta gente teve isso ao mesmo tempo.<br />

Dolores sentou-se ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> pai e começou a acariciar seu rosto.

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