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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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Nada.<br />

— Não disse?<br />

A mulher levantou-se e ligou manualmente, ativan<strong>do</strong> o aparelho. Estava passan<strong>do</strong> um<br />

desenho de um dragão saltan<strong>do</strong> sobre casas e soltan<strong>do</strong> fogo pelas ventas, as pessoas<br />

gritan<strong>do</strong> e corren<strong>do</strong>. Dolores virou o rosto para o homem, que tinha uma expressão de<br />

espanto.<br />

— A TV não estava funcionan<strong>do</strong> agora há pouco... Digo, estava tu<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> ar,<br />

nenhum canal sintonizan<strong>do</strong>.<br />

— É um DVD. Minha mãe vive esquecen<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> tenta fazer o Rian <strong>do</strong>rmir<br />

aqui no sofá.<br />

A jovem deixou o canal de vídeo e colocou na Globo. Chuviscos por <strong>do</strong>is segun<strong>do</strong>s, e<br />

então a tela ficou negra.<br />

— É, está fora <strong>do</strong> ar. O que você veio me contar <strong>do</strong> meu pai?<br />

— Ele passou mal ontem à noite.<br />

Os <strong>do</strong>is ficaram em silêncio um instante. Dolores respirava devagar e olhava direto<br />

nos olhos de Everal<strong>do</strong>. Ela lambeu os lábios resseca<strong>do</strong>s e fechou as pálpebras duas vezes.<br />

— Você não veio aqui dizer que o meu pai morreu, veio?<br />

— Não. Ele não morreu.<br />

— Graças a Deus! Nossa! Tô até arrepiada agora. Eu podia jurar que você ia dizer<br />

que ele morreu. Nossa! Que alívio, Senhor!<br />

— Ele desmaiou no banheiro. Eu até achei que ele tinha morri<strong>do</strong>...<br />

— Onde ele está? Preciso ir vê-lo!<br />

— O médico <strong>do</strong> ambulatório disse que ele está em coma e o levou para o Cataratas.<br />

— Em coma? Meu paizinho? Ai, meu Deus!<br />

Dolores saiu andan<strong>do</strong> para dentro <strong>do</strong> apartamento. Voltou um segun<strong>do</strong> depois com o<br />

celular no ouvi<strong>do</strong>.<br />

— Não vai funcionar — resmungou Everal<strong>do</strong>. — Os celulares, os telefones, está tu<strong>do</strong><br />

fora <strong>do</strong> ar. A cidade está sinistra hoje. Nem TV nem rádio estão funcionan<strong>do</strong>. A internet<br />

tá fora também. É um apagão geral de comunicação.<br />

— Mais essa agora! Eu tinha que ir ao banco hoje, ver o financiamento da reforma.<br />

Ai, que saco!<br />

Everal<strong>do</strong> apertava as mãos sem saber exatamente o que fazer. Uma vez ele tinha saí<strong>do</strong><br />

com a Dolores, quan<strong>do</strong> ainda não era casa<strong>do</strong> e ela era uma a<strong>do</strong>lescente. Ele nem sonhava<br />

em trabalhar com o Medeiros na Binacional. Tinha acha<strong>do</strong> ela uma grande cabeça de<br />

vento fútil, <strong>do</strong>na de uma bunda maravilhosa, e percebia que nada havia muda<strong>do</strong> dentro<br />

da cachola da garota; já a bunda, tinha aumenta<strong>do</strong>. Everal<strong>do</strong> bufou e ergueu as

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