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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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tombou.<br />

— Posso tirar mais um boca<strong>do</strong> aí de dentro antes de matar. Eu vou achar meus filhos,<br />

ce<strong>do</strong> ou tarde. Você pode não achar os seus se não colaborar.<br />

— O que aconteceu com você, promotora? Você é uma heroína! Não é esse monstro<br />

frio. A senhora foi a caça<strong>do</strong>ra mais passional que esse país já viu nos tribunais!<br />

— Essa, <strong>do</strong>utor, era a minha outra vida. Eu não sei quem fez isso comigo, mas vou te<br />

dizer uma coisa: seja lá quem for, fez direitinho. E eu estou a<strong>do</strong>ran<strong>do</strong>.<br />

Raquel pegou o médico pelo gasganete e ergueu-o mais uma vez.<br />

— Fale ou mato você agora.<br />

O médico encarou a vampira. Tinha determinação o suficiente para morrer. Mas via<br />

que era inútil. Ela não seria demovida da ideia e não salvaria ninguém mais. Ele precisava<br />

encontrar sua família e, para isso, tinha que sair vivo dali.<br />

— A evacuação <strong>do</strong> Hospital das Clínicas, to<strong>do</strong>s foram leva<strong>do</strong>s para Itatinga, um<br />

hospital próximo à represa de Paranapanema.<br />

Raquel, talhada pela profissão em sua outra vida, sabia discernir uma verdade de uma<br />

mentira. O médico falava a verdade. Colocou-o em seu ombro e saiu <strong>do</strong> hospital, não<br />

deixan<strong>do</strong> que qualquer vampiro se aproximasse dele.<br />

— Tampe essa ferida agora, <strong>do</strong>utor. Não vá deixar rastro.<br />

Em poucos segun<strong>do</strong>s ela dava a volta no prédio e retornava até as muretas,<br />

caminhan<strong>do</strong> com facilidade por elas e chegan<strong>do</strong> ao telha<strong>do</strong> metálico. Subiu com o<br />

médico até o topo, e ele, meio sonolento e desacorda<strong>do</strong>, foi deixa<strong>do</strong> lá em cima.<br />

— Desça quan<strong>do</strong> o sol aparecer. Eles não vão poder te fazer mal algum.<br />

O médico agarrou seu punho.<br />

— Você não é mais mãe deles, promotora. Você não é como era antes. Deixo-os viver<br />

em paz.<br />

Os olhos da vampira brilharam, e um rosna<strong>do</strong> escapou de sua garganta.<br />

— Olhe para você. Olhe para esses seus olhos. Eles vão temê-la, e um dia você vai<br />

tratá-los como tratou a mim.<br />

— Nunca! — rugiu a vampira.<br />

Raquel virou-se, deixan<strong>do</strong> o médico sozinho lá no alto. Voltou até o chão, descen<strong>do</strong><br />

numa corrida e saltan<strong>do</strong> <strong>do</strong> telha<strong>do</strong> para as árvores <strong>do</strong> estacionamento, agarran<strong>do</strong>-se aos<br />

seus galhos e fixan<strong>do</strong>-se no alto de uma delas. Ficou olhan<strong>do</strong> para o estacionamento por<br />

alguns instantes, olhan<strong>do</strong> para aquela multidão de vampiros que eram atraí<strong>do</strong>s pela<br />

algazarra <strong>do</strong>s humanos sen<strong>do</strong> mortos dentro <strong>do</strong> ginásio. Raquel saltou para o chão de<br />

asfalto e voltou para dentro <strong>do</strong> complexo esportivo. Jessé e Ludmyla tinham se<br />

alimenta<strong>do</strong> e vinham em sua direção.

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